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Fidel critica discurso "confuso" de Obama na ONU

O líder da revolução cubana, Fidel Castro, criticou o discurso do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, nas Nações Unidas e classificou a ação da Otan na Líbia como um "crime monstruoso". As opiniões estão em seu novo artigo, publicado neste domingo (25) pela imprensa cubana, depois de um hiato de mais de dois meses.

O tempo que o cubano ficou sem escrever terminou gerando rumores de que seu estado de saúde se agravara, fato que foi desmentido pela imprensa local e venezuelana e pelo presidente da Bolívia, Evo Morales, que visitou Fidel na semana passada.

Em seu último escrito, Fidel se mostra em forma. Criticou Obama, os Estados Unidos e as atitudes "belicosas e hipócritas" de ambos e de seus aliados. Segundo o cubano, na ONU, o presidente norte-americano tentou "explicar o inexplicável e justificar o injustificável", ao detalhar a posição de Washington sobre o conflito entre israelenses e palestinos.

"Imagine só: Obama chamando à paz. Com que moral?", provocou Fidel, que, por sua vez, elogiou as intervenções de líderes como os presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, e da Bolívia, Evo Morales, entre outros.

No texto, intitulado "Chávez, Evo e Obama", ele comparou a "coragem" dos países "pequenos e pobres" contra o "genocídio da Otan" liderado "pelos EUA na Líbia". E reiterou as críticas feitas pelo mandatário venezuelano ao discurso de Obama. Chávez classificou a intervenção do estadunidense na ONU como um "monumento ao cinismo". 

O ex-presidente da ilha explicou que a reflexão é apenas a primeira parte de sua avaliação sobre a Assembleia da ONU e que voltará a escrever sobre o tema.

"Apesar do monopólio descarado da mídia de massa e dos métodos fascistas dos Estados Unidos e de seus aliados para confundir e enganar a opinião mundial, a resistência do povo cresce, e isso pode ser visto nos debates que ocorrem nas Nações Unidas", disse.

Castro pôs em questão vários trechos do discurso de Obama, acusando-o de tergiversar sobre a situação no Iraque e no Afeganistão, a política de Washington em Israel e na Palestina e os levantes deste ano em vários países do norte da África e do Oriente Médio.

"Quem entende o discurso confuso do presidente dos Estados Unidos à Assembleia Geral?", perguntou. Ele disse que, para grande parte dos presentes no evento da ONU é necessário tomar posição sobre fatos que constituem flagrantes violações de princípios.

"Por exemplo: que posição adotar sobre o genocídio da Otan na Líbia?" questionou. "Alguém deseja fazer constar que, sob sua direção, o governo de seu país apoiou o monstruoso crime realizado pelos Estados Unidos e seus aliados da Otan?", disse.

Aos 85 anos, Fidel afirmou que tem estado ocupado em tarefas que consumiam o seu tempo e, por isso, não vinha se dedicando a suas "Reflexões" (a última foi divulgada no início de julho), mas que desejava comentar a reunião da Assembleia Geral da ONU em Nova York e, em particular, o discurso de Obama na semana passada.

Fidel não deu detalhes sobre o que tem feito. Hugo Chávez e Evo Morales, no entanto, disseram recentemente que ele tem se dedicado à pesquisa científica, envolvendo agricultura e alimentos.