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Ocupação israelense reduz economia palestina à metade

A ocupação israelense tem um custo para a economia palestina de cerca de US$ 7 bilhões anuais, o equivalente a 85% de seu Produto Interno Bruto (PIB). A informação vem do Ministério da Economia palestino, que divulgou, nesta quinta-feira (29), relatório em que, pela primeira vez, quantifica o prejuízo da ocupação.

"Se os palestinos não estivessem submetidos à ocupação israelense, sua economia seria o dobro do que é hoje", diz o relatório apresentado esta manhã em Ramala, elaborado pelo Ministério da Economia junto com o Instituto de Pesquisa Aplicada de Jerusalém.

De acordo com o estudo, a ocupação israelense da Cisjordânia, Gaza e Jerusalém Oriental desde 1967 impede aos palestinos o acesso a boa parte de suas terras e a exploração de seus recursos naturais. Além disso, isola os palestinos dos mercados internacionais e fragmenta seu território em cantões desligados, restrições que são um obstáculo para o desenvolvimento de uma economia sustentável.

As restrições "refletem a imutável atitude colonial de Israel que procura explorar os recursos naturais palestinos (incluindo terra, água e mineração) para seu benefício econômico", diz o relatório.

O documento detalha os obstáculos alfandegários, de transporte e infraestrutura que freiam o desenvolvimento de um mercado competitivo e impede aos palestinos ter parceiros não israelenses.

De acordo com as autoridades econômicas, o peso das restrições sobre o comércio, a indústria e os serviços se intensificou nos últimos anos. Em 2010, esses custos, ou a parte deles que foi possível medir, foram superiores a US$ 6,897 bilhões (5,057 bilhões de euros), o que significa 84,9% do PIB palestino.

"Este relatório demonstra o alto preço da ocupação, que como disseram instituições como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional, é o maior obstáculo para o futuro da economia palestina, que seria capaz de se sustentar sozinha se não houvesse ocupação", declarou na apresentação do relatório o ministro da Economia palestino, Hassan Abu Lide.

O ministrou acrescentou que estes dados estão entre as razões que levaram ao pedido de reconhecimento da Palestina como Estado na ONU. De acordo com ele, o objetivo é dizer à comunidade internacional que "a ocupação deve acabar para que a economia se desenvolva, as pessoas tenham empregos, fábricas possam funcionar e se estabeleça um Estado independente que não dependa de ajudas".

O relatório distingue entre os custos diretos os preços mais altos de serviços básicos e transporte provenientes das políticas da ocupação, e entre os indiretos os lucros de produção que são perdidos.

A restrição às importações e exportações se traduz em um preço mais alto dos custos de produção e na impossibilidade de adquirir alguns bens de capital.

Entre os maiores danos para as finanças palestinas está o bloqueio a Gaza imposto por Israel em 2007, que impede o comércio internacional, interrompe o abastecimento de eletricidade e limita o acesso ao mar, o que somado ao dano sofrido por bombardeios nas infraestruturas levou ao colapso da economia na região.

A ocupação militar também causou a destruição de ativos produtivos na Cisjordânia, em particular a derrubada de oliveiras e a perda de receita derivada da extração de sais e minerais do Mar Morto, e facilitou a exploração israelense de pedreiras em território palestino e o desenvolvimento de um campo de gás na costa de Gaza.

O desenvolvimento de uma indústria turística também é impedido, e são gerados danos ao balanço fiscal.

"A ocupação não só mantém a economia palestina diminuída, mas também danifica o balanço fiscal palestino reduzindo a renda de duas formas: diretamente, impedindo o recolhimento de impostos, e indiretamente, reduzindo o volume da economia palestina e portanto, sua base tributável", afirma o relatório.

Os danos fiscais diretos da ocupação são calculados em US$ 406 milhões anuais e os indiretos em US$ 1,389 trilhões.

"Sem a ocupação, a Autoridade Nacional Palestina teria um superávit fiscal saudável e não necessitaria da ajuda de doadores", defende o documento.

O estudo adverte que o custo econômico total é provavelmente maior do que o calculado, pois só foi levado em conta os custos que puderam ser quantificados com certeza.

Entre os não quantificados, o relatório menciona os associados com os impedimentos ao movimento interno e internacional de pessoas e bens, a perda de investimentos na área controlada militarmente por Israel pelas restrições à construção, as perdas indiretas da indústria pela falta de importações e as perdas pelas restrições às telecomunicações.

Com Efe