DEM: pesquisa mostra que o fundo do poço pode não ter fim

No seu ex-blog, o ex-prefeito do Rio, Cesar Maia, que já foi derrotado para o governo do Rio de Janeiro e que mais recentemente ficou em quarto lugar na eleição para o Senado Federal, apresentou dados da recente pesquisa encomendada pelo DEM ao Instituto GPP, feita nos dias 20 e 21 de agosto deste ano.

Os dados são do próprio ex-blog e não se sabe se foi feito algum tipo de somatório ou mudança de qualquer dado da pesquisa original. Mesmo assim, eles são esclarecedores e mostram para onde o DEM deve caminhar para tentar sair do fundo do poço.

PCdoB entre os partidos com mais filiados

Sobre os partidos, o Instituto GPP informa que entre os entrevistados, 91,4% não são filiados a partido político, 5,8% são e 2,8% pensam em se filiar. Desses 5,8% que são filiados 30,1% são no PT (ou 1,7% do eleitorado), 18,3% no PMDB, no PSDB 10,7%, no PCdoB 9,3%, PSB 5,6%, DEM 2,9%. Ou seja, a legenda comunista tem mais do que o triplo de filiados em relação ao DEM, quase o dobro do PSB e segue perto do PSDB, todos partidos com maior estrutura e parlamentares eleitos.

Dos 2,8% que pensam em se filiar num partido, 46,5% (ou 1,3% dos eleitores) desejam fazer isso no PT, 17% no PSDB, 16,6% no PMDB. No DEM, apenas 0,8% pretendem se filiar, ou seja, o fundo do poço pode não ter fim.

Ascensão de Lula e Dilma

Em relação aos governos Lula e Dilma, a pesquisa mostra que o clima ainda é de otimismo, herdado do final do governo Lula. Em 2007, eram 31,1% os que diziam que “vivem hoje muito melhor que seus pais”. Agora são 43,4%. O mesmo em relação ao futuro. Em 2007, eram 39,6% que diziam que seus filhos “vão viver melhor que eles hoje”. Agora são 49,6%.

Sobre o futuro do governo e do país, é alta também a confiança da sociedade. 47,8% acham que o Brasil está no caminho certo, contra 36,3% que acreditam que o rumo atual está errado. 15,9% não souberam responder. E essa confiança não para de crescer, pois 42,7% avaliam o governo Dilma como ótimo+bom e 62,7% acham que governo Dilma ainda vai melhorar. Apenas 17,9% acham que vai piorar. Além disso, 66,3% têm imagem positiva de Dilma e 24,3% negativa; 61,7% acham que Lula acertou na escolha de Dilma e 26,9% que errou.

Apesar de apenas poucos meses de governo, a população também deposita grande confiança no governo Dilma. Segundo a pesquisa, 55,3% acham que o governo Dilma está no caminho certo e apenas 25,3% que esse é o caminho errado.

Os dados são corroborados com a recente pesquisa do Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgada no dia 30. A aprovação da presidente Dilma Rousseff chegou a 71%, quatro pontos percentuais acima do último levantamento, datado de julho. O índice de desaprovação da chefe do Executivo caiu também quatro pontos, alcançando o patamar de 21%.

Pra onde vai o DEM?

Recentemente, o vice-presidente nacional do DEM, José Carlos Aleluia, afirmou que "o partido [DEM] tem que reforçar que é um partido de valores, aqueles que são majoritários na sociedade, que é uma sociedade conservadora".

A pesquisa dá uma ideia de quais são esses valores: contra a descriminalização da maconha, contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e contra a legalização do aborto. A favor da pena de morte, da redução da maioridade penal e das aulas de religião nas escolas públicas. Veja abaixo alguns desses números:

– Medo em relação à violência e as drogas: 39,1%;
– Contra casamento de pessoas do mesmo sexo: 51,2% (diminuiu em relação a 2007, quando eram 56,8%);
– Contra a legalização do aborto; 77,2% (eram 73,3%);
– Contra a liberação da maconha: 81,4% (eram 80%);
– Pena de Morte: 45,4% a favor e 49,5% contra;
– A favor de reduzir idade penal para 16 anos: 90%
– A favor da aula de religião nas escolas públicas: 79,7%

Outros dados

A pesquisa mostra ainda alguns dados interessantes sobre o crescimento do Brasil nos últimos anos: 57,4% dizem que têm computador em casa. 41% acessam a internet em casa.

A percepção da população em relação à herança maldita de FHC no auge da onda neoliberal também está presente. 45,2% dos entrevistados acham que o governo deve reestatizar a Vale e Telecomunicações. 39,2% acham que não. Privatização de mais empresas públicas: contra 48,7% e a favor 37,1%. Governo intervir o menos possível na sociedade: a favor 40,1% e contra 45,9%.

*jornalista do PCdoB-RJ