Três mil famílias em Manaus são excluídas do Luz para Todos

O Programa Luz para Todos ainda não chegou para três mil famílias em Manaus devido aos entraves ambientais, litígios de terra e a falta de abertura de ramais que impedem a instalação da estrutura necessária para levar energia elétrica para os moradores de comunidades da capital.

O coordenador do Comitê Gestor Estadual do Programa Luz para Todos, Robson Bastos, afirmou que o programa precisa atender os ribeirinhos que moram na margem direita do Rio Negro, que abriga áreas de proteção permanente, e na margem esquerda do Rio Amazonas, onde a existência de áreas de treinamento militar bloqueia a passagem da rede elétrica que vai levar luz para as comunidades. “Precisamos ter um entendimento de todos no sentido de ser colaboradores e não complicadores”, afirmou.

Em Manaus, já foram aplicados R$ 23 milhões para atender 8 mil famílias com o Programa Luz para Todos, segundo dados do gerente Radyr Gomes de Oliveira. A meta para todo Estado, diz ele, é fazer 81 mil ligações. “Levar luz para os ribeirinhos não é simples. São áreas de difícil acesso. Existem questões ambientais que impedem o avanço do programa. O acesso é de responsabilidade da prefeitura, pois os recursos do programa é para a eletrificação”, falou.

O representante da Comunidade Nova Canaã de Aruaú, que fica a quase três horas de lancha de Manaus e possui 90 famílias, destacou que a falta de luz tem prejudicado o desenvolvimento econômico do local. “Não temos conforto e nem equipamentos para armazenar nossa produção”, declarou. “Temos um posto de saúde muito bem montado, porém não funciona devido a falta de energia”, desabafou Maria José Amaral da Cunha, líder da comunidade Jatuarana.

A vereadora Lucia Antony enfatizou que a população ribeirinha não pode ser prejudicada pelos impasses que impedem a expansão do Programa Luz para Todos em Manaus, em particular, nas comunidades situadas às margens do Rio Negro. Para a parlamentar, a chegada da luz vai permitir que as comunidades desenvolvam a economia, gerando renda e lucros com, por exemplo, a produção de alimentos e atividades turísticas. “Manaus precisa se qualificar para atrair o turismo ecológico e comunitário”, disse Lucia Antony durante a audiência pública de sua autoria que debateu, nesta sexta-feira (30), na Câmara Municipal de Manaus (CMM), o Programa Luz para Todos no município de Manaus.

Licenciamento

A representante da Secretaria Municipal Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (Semmas), Maria do Socorro Monteiro da Silva, destacou que o órgão está analisando atualmente um pedido de licenciamento para desmatar áreas protegidas que foi solicitado para viabilizar a abertura de acesso para a implantação do Luz para Todos na Reserva de Desenvolvimednto Sustentável do Tupé. “Estamos analisando a quantidade de árvores que vai ser preciso retirar para poder dar a licença”, disse.

Por sua vez, a representante da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), Marilde Nogueira, salientou que órgão tem trabalhado em parceria com a Semmas no que se refere a implantação do Luz para Todos.

Participaram da audiência pública representantes da Eletrobrás Amazonas Energia, do Comitê Gestor do Luz para Todos no Amazonas, da Secretaria de Estado e Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS), da Secretaria de Estado da Produção Rural (Sepror), da Secretaria de Estado de Infraestrutura (Seinfra), da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade de Manaus (Semmas), da Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf), da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), da Secretaria da Região Metropolitana de Manaus (SRMM), da Associação Amazonense de Municípios, Instituto de Terras do Amazonas (Iteam), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), do Comando Militar da Amazônia (CMA) e líderes de comunidades ribeirinhas de Manaus.

De Manaus,
Anwar Assi