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George Mavrikos: 40 países no Dia Internacional de Ação

A crise mundial do capitalismo ameaça o emprego e os direitos da classe trabalhadora em todo o mundo. Em resposta a esse cenário, a Federação Sindical Mundial (FSM) convocou a classe trabalhadora e o povo em geral para manifestações em diferentes países no dia 3 de outubro, mesma data de sua fundação, em 1945.


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Na véspera das manifestações, o Portal CTB entrevistou o grego George Mavrikos, secretário-geral da FSM, para quem o Dia Internacional de Ação representa uma grande demonstração de solidariedade internacionalista. Nesta entrevista ao Portal CTB, ele fala de sua expectativa para as manifestações ao redor do planeta, faz uma análise da crise econômica, descreve como seriam as mobilizações na Grécia e faz um balanço da trajetória dos 66 anos de história de sua entidade: "O 3 de outubro é uma iniciativa que vai fomentar essa coordenação a nível internacional entre todas as forças classistas do mundo, a partir da unidade de ação contra os monopólios e o imperialismo”, afirmou o secretário-geral da FSM.

Leia abaixo a entrevista:

Portal CTB: Qual sua expectativa para o 3 de outubro? Organizações de quantos países devem realizar atos nessa importante data?

George Mavrikos:
As perspectivas para este ano são muito alentadoras. Já contamos com a informação de participação de mais de 40 países nos quais estão sendo organizados atos para esse dia – e o número final será muito maior. Essa iniciativa despertou grande interesse em todos os continentes e o número de mobilizações vai superar tranquilamente a participação de edições passadas.

Portal CTB: Para a FSM, como o 3 de outubro pode contribuir para a luta contra a crise econômica atual?

George Mavrikos: A coordenação do movimento sindical e a solidariedade internacionalista entre os trabalhadores são uma ferramenta fundamental para alcançar uma saída para essa crise do sistema capitalista. É fundamental contar com uma plataforma ideológica comum que evite que as consequências dessa nefasta crise sejam pagas pelos trabalhadores – justamente a intenção dos capitalistas. O 3 de outubro é uma iniciativa que vai fomentar essa coordenação a nível internacional entre todas as forças classistas do mundo, a partir da unidade de ação contra os monopólios e o imperialismo, e ao mesmo tempo constituirá uma grande demonstração de solidariedade internacionalista.

Portal CTB: Como serão na Grécia as atividades do 3 de outubro? Há duas outras grandes manifestações marcadas para o mesmo mês. Há como aproveitar seus esforços conjuntos para o Dia Internacional de Ação?

George Mavrikos: Este ano o PAME (Frente Militante de Todos os Trabalhadores) levará a cabo greves e ações de protesto em diferentes locais de trabalho, assim como uma grande mobilização na cidade de Salônica, no norte da Grécia. O PAME selecionou várias empresas monopolistas que se aproveitam das necessidades humanas básicas – como a alimentação, os medicamentos e a energia – e nesses lugares organizará diferentes ações. Esses monopólios demonstraram da forma mais categórica quem ganha e quem perde com a crise econômica, e por isso foram escolhidos como forma de colocar em relevo o modo capitalista de organização econômica. É hora de lutar pela organização nos locais de trabalho, nos bairros populares. A luta que estamos conduzindo é uma luta por nossas vidas, nosso futuro e nossos filhos.

Portal CTB: O 3 de outubro marca também o 66º ano de história da FSM. Que balanço pode ser feito a respeito de seu papel na luta dos trabalhadores? Quais as perspectivas para os próximos anos?

George Mavrikos: A FSM tem uma rica história de 66 anos. Estamos orgulhosos dessa história porque ela sempre se manteve de forma firme ao lado da classe trabalhadora e do povo, contra os imperialistas e contra o capital. Apoiou de diversas formas os povos que lutavam por sua liberdade contra as ditaduras de regimes antidemocráticos. No Chile, na Guatemala, na Nicarágua, em El Salvador, em Granada e em todo o mundo a FSM sempre teve uma posição clara contra os exploradores. Sempre apoiamos e seguiremos apoiando a Revolução Cubana, as mudanças na Bolívia, Equador, Venezuela, etc. Estamos do lado oposto ao qual está a CSI, que desde 1949 até hoje vem apoiando as guerras imperialistas, como atualmente o faz na Líbia, Afeganistão, Iraque, e segue apoiando Israel e difamando Cuba e Venezuela.

É por isso que estamos orgulhosos das histórias da FSM. Ao mesmo tempo, é lógico que essa história tivesse e tenha debilidades, pois foram cometidos erros e não podemos dizer que eles também não serão cometidos nos dias atuais – e nem mesmo afirmar que tudo o que fazemos é correto. Assim é a vida. No entanto, nunca nos escondemos, nunca nos calamos, nunca nos mostramos “neutros”.

Nas atuais condições da crise capitalista, é um dever fundamental para a FSM a formulação de uma estratégia de saída para a barbárie capitalista. Essa estratégia e sua tática foram definidas no 16º Congresso Sindical Mundial. Com base nas decisões que foram tomadas, estamos lutando, em primeiro lugar, para que a classe trabalhadora não pague pela crise. Em segundo lugar, para que se satisfaçam as necessidades contemporâneas para a sobrevivência das massas populares. E em terceiro lugar, para dar forma a um movimento de massas, classista, de mudança radical, que tenha como competir pelo poder, ao lado dos camponeses pobres, dos jovens, dos autônomos, dos sem-terra e dos indígenas.

Fonte: Fernando Damasceno – Portal CTB