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Prêmios Nobel pedem retirada de missão da ONU no Haiti

Dois ganhadores do Prêmio Nobel da Paz cobraram, nesta quinta (6), a retirada dos militares da ONU do Haiti, por atentar contra a soberania e a dignidade desse povo e propiciar um processo de recolonização econômica.

A demanda foi encaminhada para o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, pelo argentino Adolfo Pérez Esquivel e pela irlandesa Betty Williams, laureados com o Nobel em 1980 e 1976, respectivamente.

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A missiva também foi assinada por centenas de organizações e personalidades de todo o mundo, entre elas o escritor uruguaio Eduardo Galeano e os teólogos brasileiros Leonardo Boff e Frei Betto.
 

O texto pede a retirada dos capacetes azuis da chamada Missão de Estabilização da ONU no Haiti (Minustah), “porque esse Estado antilhano não pode ser considerado uma ameaça para a paz e a segurança internacionais”.

Aponta ainda que “a presença dessa força não tem melhorado a vida do povo haitiano, mas, ao contrário, atenta contra a soberania e dignidade desse povo e assegura um processo de recolonização econômica”.

A carta considera que esse trabalho está dirigido por “um virtual governo paralelo (a Comissão Interina de Reconstrução do Haiti), cujos planos respondem mais aos interesses de prestamistas e empresários, que aos direitos dos haitianos".

Outra missão é possível

Mais adiante, sustenta que “os problemas do Haiti não se solucionam com medidas conjunturais e assistenciais que acentuam a dependência”.

Esse país necessita mudanças "onde o povo seja o protagonista de sua própria vida e construtor de sua própria história" e "a presença médica cubana (no Haiti) é uma mostra fiel de que outra cooperação é possível”, especifica.

Williams, Pérez Esquivel e os demais signatários destacam o fracasso dos objetivos da Minustah desde sua criação em 2004 e denunciam “a contínua violação aos direitos humanos da população, por parte dos militares que a integram”.

Da mesma forma, pedem ao Conselho de Segurança que não renove o mandato da missão em sua reunião no próximo dia 15 de outubro e advertem contra “qualquer intervenção militar ou policial por parte de tropas estrangeiras, especialmente dos Estados Unidos".

Igualmente, consideram que é fundamental respeitar o direito à soberania e à autodeterminação do Haiti, "livrando-o das ocupações e das dívidas espúrias".

A carta também é dirigida aos governos dos países que integram a Minustah, ao Conselho de Segurança da ONU e ao secretário-geral da Organização dos Estados Americanos, José Miguel Insulza.

Fonte: Prensa Latina