Conflitos entre cristãos e policiais causam 24 mortes no Egito
As autoridades egípcias decretaram neste domingo (9) à noite um toque de recolher no centro do Cairo, após 24 pessoas terem morrido durante enfrentamentos entre manifestantes cristãos (coptas) e forças de segurança, anunciou a televisão pública. O toque de recolher foi imposto durante a madrugada e suspenso às 7h (2h de Brasília).
Publicado 10/10/2011 10:43
Os confrontos começaram na Maspero, em frente à sede da televisão estatal, no centro da cidade. A praça Abasiya, mais a leste, fica perto da principal catedral copta do Cairo. O confronto deixou 24 mortos e 212 feridos, de acordo com o último relatório do Ministério da Saúde, citado pela TV.
Os coptas respondem por 6 a 10% da população egípcia e protestaram contra a queima de uma igreja na província de Aswan, no Alto Egito, no sul do país, pelo que os coptas responsabilizaram muçulmanos radicais. O assunto é tema também da reunião dos 27 ministros das Relações Exteriores da União Europeia nesta segunda-feira (10) em Luxemburgo.
O primeiro-ministro egípcio, Essam Sharaf, convocou o comitê ministerial de urgência para analisar os intensos distúrbios, anunciou o porta-voz governamental, Mohammed Hegazi. Ele explicou que a reunião vai abordar "as causas e as consequências dos lamentáveis incidentes, além do que foi revelado pela imprensa". Segundo ele, o chefe de governo também convocou vários ministros de seu gabinete para a reunião.
Sharaf disse, depois de uma reunião de emergência com seus assessores, que as divergências entre muçulmanos e cristãos no Egito são "uma ameaça à segurança". O primeiro-ministro acrescentou que os conflitos ameaçam a “unidade” do país. Segundo ele, a origem dos confrontos pode estar em planos de conspiração para desestabilizar o governo de transição.
Em pronunciamento transmitido pela TV, após visita à região onde ocorreram os confrontos na noite de domingo, Sharaf lembrou que a ameaça mais séria à segurança do país é a provocação à unidade nacional e a alimentação da discórdia entre os filhos muçulmanos e cristãos do Egito".
Durante a noite, a TV egípcia mostrou manifestantes em confronto com as forças de segurança e veículos militares incendiados do lado de fora do prédio da TV estatal, onde quem protestava havia planejado um protesto pacífico. As tensões sectárias vêm aumentando nos últimos meses no Egito.
Pouco antes, Sharaf havia garantido que o episódio "não se tratava de um confronto entre muçulmanos e cristãos, mas das tentativas de semear o caos e a discórdia".
Por meio do site de relacionamentos Facebook, Sharaf pediu aos egípcios que não respondam "aos apelos da discórdia". "É um fogo que queimará a todos sem fazer distinções", afirmou o chefe de governo.
Fontes de segurança informaram à Agência Efe que ao menos 17 civis e quatro militares estão entre os mortos, e que mais de 200 pessoas ficaram feridas. Os confrontos deste domingo são considerados como os mais graves no país desde as revoltas que deram fim ao regime de Hosni Mubarak, em fevereiro.
Os cristãos coptas acusam o conselho militar que governa o país de ser conivente com os responsáveis por uma onda de ataques anticristãos.Eles reclamam de discriminação, incluindo uma lei que requer permissão presidencial para a construção de igrejas. Além disso, o Egito apenas reconhece conversões do cristianismo para o islamismo, mas não o contrário.
Com agências