Cineasta Glauber Rocha recebe homenagens na Bahia

Glauber vive. Foi o espírito que marcou a sessão especial da Assembleia Legislativa da Bahia, ocorrida nesta quinta-feira (20/10), para homenagear, a passagem dos 30 anos de morte do maior cineasta brasileiro de todos os tempos, Glauber Rocha, falecido em 22 de agosto de 1981, aos 42 anos. Adjetivos não faltaram na sessão proposta pelo deputado Álvaro Gomes (PCdoB), recheada de personalidades da cultura baiana de diversas gerações.

As homenagens tiveram como destaque a palestra do jornalista e escritor João Carlos Teixeira Gomes, o Joça, que é o maior biógrafo do cineasta. Sem câmera na mão, mas com muitas ideias na cabeça, Joca dirigiu a sessão de forma glauberiana. “Glauber foi um dos filhos mais talentosos da Bahia, ao lado de Gregório de Matos, Jorge Amado, Castro Alves e Dorival Caymmi”, disse.

Na abertura da sessão, Álvaro Gomes historiou a vida do autor de Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe, duas obras-primas da cinematografia nacional. O comunista destacou o caráter revolucionário de Glauber e suas preocupações em contribuir para a construção de uma nova sociedade, através do cinema.

“Penso que a irreverência e o caráter revolucionário de Glauber estiveram para o cinema, assim como esteve Raul Seixas para a música”, observou. O parlamentar considerou a atualidade do cineasta inquebrantável, e ressaltou: depois de Glauber e do cinema novo, muitos filmes políticos foram produzidos no Brasil; só que não mais um verdadeiro movimento político no cinema, como o que ele liderou.

Joca comentou que o amor do amigo pelo Brasil, pelo mundo, pelas mulheres e pelo cinema o fez um homem extraordinário. Ao elogiar a iniciativa da sessão, o jornalista salientou que “as casas políticas se preservam quando destacam os homens de cultura”.

Acervo

Ao destacar as preferências de Glauber, o biógrafo lembrou que ele era um grande admirador das obras dos escritores José Lins do Rego e Graciliano Ramos, e do poeta Castro Alves, além de um intelectual obcecado pela vida do homem do interior.

Nascido Glauber Pedro de Andrade Rocha, em Vitória da Conquista, na Bahia, o cineasta adorava “fazer longos passeios noturnos pelas vielas coloniais do Pelourinho”, falando de arte, literatura e projetos de novos filmes.

Para o biógrafo, a Bahia esquece o filho ilustre. “É preciso desconstruir a crosta do anedotário, para ver que ele foi o maior intérprete do cinema”. Joca negou que ele tenha morrido de aids e sublinhou que muito se tem escrito sobre Glauber, mas não raro de maneira leviana e inadequada. “Se ele tinha propulsão ao exagero, era porque tinha ideias audaciosas e revolucionárias”.

Amigo pessoal do homenageado, Antônio Guerra Lima lembrou que Glauber também foi autor de livros, como Carta de Glauber ao Mundo. Disse ser difícil imaginar o gênio que ele foi, na medida em que conviveram por muito tempo.

Parceiro de Glauber em seis dos 15 filmes produzidos pelo autor de Dragão da Maldade Contra o Santo Guerreiro, o cineasta Roque Araújo cobrou do governo da Bahia que traga para Salvador o Templo Glauber, local onde é guardado o acervo do cineasta baiano, localizado no Rio de Janeiro. Os cantores Walter Queiroz e Fábio Paes cantaram em homenagem a Glauber Rocha.

Fonte: Ascom do gabinete do deputado estadual Glauber Rocha.