José Cícero: Um dedo mais de prosa sobre a morte de Muamar Kadafi

Por * José Cícero

As agências de notícias internacionais anunciaram, na manhã desta quinta-feira (20/10), em primeira mão, a informação acerca do suposto assassinato do então presidente da Líbia Muamar Kadafi. Para tanto, até um vídeo gravado em celular, provavelmente pelas forças da OTAN ou pelos chamados rebeldes, foi divulgado para o mundo como forma de comprovar o fato. Era o fim de Kadafi que morreu como prometeu: combatendo.

Uma festa para os pseudo donos do mundo, os argentários governos dos EUA e da Grã-Bretanha que, logo se apressaram para ocupar a mídia-marrom em jocosas coletivas querendo sair bem na foto, ou seja, faturar politicamente com mais esta intromissão arquitetada contra mais uma das nações do globo. Um atentado contra a soberania dos povos do planeta.

Diante de toda essa triste trama fico a imaginar, relembrando o que também ocorrera recentemente noutros momentos, como no caso de Saddan Hussein no Iraque, Bin Laden (no Paquistão), Mubarack (Egito), Ben Ali (Tunísia) e por aí vai…

Os arautos da imprensa capitalista, não apenas a internacional, chegam a encher a boca quando pronunciam os “ditadores”, no entanto querem que esqueçamos que todos eles (o tais ditadores) foram inspirados, patrocinados, apoiados, defendidos e até parceiros de todos os governos norte-americanos e ingleses, assim como de diversos outros líderes do chamado 1º mundo. Alguns destes famigerados “ditadores”, até contaram com o apoio decisivo para a indicação e o voto dos Estados Unidos e seus asseclas para que assim ocupassem, pasmem, cadeiras no Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU). Aliás, uma coisa que até hoje, mesmo com toda a campanha de Lula, o Brasil não conseguiu, em parte pela objeção dos EUA.

Conquanto, sempre de olho no petróleo, no expansionismo bélico e geopolítico os EUA mantiveram parcerias históricas e deram apoio diplomático, financeiro e militar a todos “eles” (os ditadores). Então, como querem agora passar uma imagem cínica e mentirosa ao mundo de que estão empenhados em pôr fim ao “império do mal?” Quem "eles" pensam que são? Para que as demais nações planetárias possam esquecer (facilmemente) de todas as barbáries ainda hoje praticadas contra diversos países democráticos do mundo?

Ora, basta ver quem de fato construiu Bin Laden? Quem é e continua sendo o principal patrocinador das guerras pelo mundo a fora? Como explicar as relações do passado (até pouco tempo atrás) dos ianques com o governo de Kadafi. Como ainda agora continuam apoiando o governo sangrento e imoral de Israel contra o estado do povo palestino que, inclusive vem sendo acossados e expulsos das suas próprias terras? Por que e para que os EUA continuam armando os israelenses para o massacre que praticam contra os palestinos – um verdadeiro genocídio financiado pelo governo de Washington. E isso a imprensa internacional faz de tudo para esconder da opinião pública mundial. Simplesmente por que não podem contrariar os interesses espúrios, sórdidos e mesquinhos dos Estados Unidos, tampouco do resto da sua corriola imperialista.

Complicado perante o eleitoral americano, não somente pela crise financeira em que se encontram mergulhados os EUA, o presidente Barack Obama temendo comprometer o sonho da sua reeleição tenta a todo custo salvar sua performance eleitoral. Primeiro com a ordem para o assassinato de Bin Laden na invasão sorrateira e criminosa ao Paquistão e, agora tenta “faturar” com a de Kadafi através dos bombardeios da OTAN e Cia.

Não surtindo efeito (como se vê), fico pensando: Quem será o próximo bode expiatório? Será Fidel? Ahmadinejad ou Hugo Chavez? O futuro certamente nós dirá…

Portanto, não nos alegremos muito com mais esta farsa encenada pela política criminosa dos EUA ajudada e defendida pelas reportagens floridas do nosso atual empastelamento midiático… Só assim eles almejam passar uma mensagem ao mundo de que podem tudo, como se fossem os verdadeiros donos do planeta. Mas no fundo, estão dando prosseguimento ao pior dos terrorismos: o terrorismo de estado.

Sejamos vigilantes. Vivamos a democracia, mas sem nunca perder de vista a defesa da soberania das nações posto que, as injustiças que se fazem a um é a ameaça que se faz a todos…

Para concluir: urge dizer que todo o empenho dos governos dos EUA, Inglaterra e França, assim como da própria União Europeia para assassinar Kadafi não tem como não tinha nada de restauração democrática ou humanitária, visto que reside num único fato-objetivo – a sede e a gula de se apossarem de vez do petróleo e do gás da nação libanesa. Coisa que Kadafi não vinha permitindo…

* José Cícero é Escrito, Pesquisador e Poeta

Opiniões aqui expressas não refletem necessariamente as opiniões do Portal Vermelho