Partido Conservador britânico racha por causa de União Europeia
O primeiro-ministro britânico, David Cameron, viu surgir no seio do seu partido, nesta segunda-feira (25) uma grande divisão interna, quando dezenas de parlamentares conservadores manifestaram apoio a um referendo que manifestaria o repúdio à União Europeia por parte dos britânicos.
Publicado 25/10/2011 19:57
Cameron procura fugir o máximo possível do debate, que já dividiu os conservadores na década de 1990. A proposta de uma consulta popular dificilmente será aprovada no Parlamento, e mesmo assim ela não tem valor legal. Mas é vista por alguns analistas como um "teste" para Cameron e o assunto pode causar tensões dentro da coalizão governista, que inclui também o Partido Liberal-Democrata, pró-europeu.
O chanceler William Hague, ele próprio um "eurocético" conservador, disse que a proposta do referendo vai "completamente contra a política do governo". "Ela criaria uma incerteza econômica adicional neste país, num momento econômico difícil", afirmou o ministro à emissora publica britânica BBC.
Pelo menos 78 parlamentares, muitos deles conservadores, já aderiram a uma moção em prol da convocação de um referendo sobre a conveniência de o Reino Unido deixar a UE ou renegociar os termos da sua participação.
Cameron ordenou que os conservadores votem contra, mas a maioria do partido é considerada como "eurocética". Para essa maioria, a soberania britânica foi sacrificada pelas repetidas transferências de poder para Bruxelas.
Eles consideram que a crise da dívida que atualmente aflige a zona do euro (da qual o Reino Unido não participa) seria uma oportunidade de recuperar poderes ou mesmo de deixar a UE.
"Há anos criticamos a UE (…), vemos a UE indo pelo ralo. O que temos feito para renegociar nossa posição na Europa? A resposta é: nada", disse à Sky News o deputado conservador Richard Drax, um dos céticos.
Partidários do envolvimento britânico na UE lembram que 40 por cento do seu comércio é com a zona do euro, e que deixar o bloco poderia prejudicar a economia e os investimentos estrangeiros.
Com apoio dos aliados liberal-democratas e do Partido Trabalhista, o principal da oposição, Cameron tem praticamente assegurada a vitória sobre os favoráveis ao referendo.
Com agências