Diálogo nacional se dá com todas as forças, diz presidente sírio
"No diálogo integral pluralista que se desenvolve na Síria, participam todas as forças nacionais, sem exclusão", afirmou o presidente Bashar al-Assad, em entrevista concedida ao canal da televisão russa Rossiya 1.
Publicado 31/10/2011 12:08
Todos os meios locais destacam, nesta segunda (31), as declarações do executivo sobre a situação na Síria, seus esforços para sair da crise, os perigos e repercussão de uma agressão ou da intromissão estrangeira em seus assuntos internos.
Também foram abordadas as relações com a Rússia e os efeitos das sanções impostas pelo Ocidente. Quanto ao tema da oposição, Assad expressou que no diálogo integral no país se fala "com todo mundo, com todas as forças na arena síria, porque achamos que a comunicação com estas forças é muito importante, sem especificar quem tem uma base popular e quem não".
Assad afirmou que poderá dar uma resposta mais apropriada sobre a dimensão real da oposição após as eleições (legislativas) que deverão ter lugar em fevereiro de 2012.
As autoridades de Damasco, no entanto, recusam todo tratamento com grupos opositores articulados pelo Ocidente, como o chamado Conselho Nacional Sírio, que considera um fantoche.
Nesse sentido, Assad disse que questionou-se se as "forças com as quais estamos dispostos a dialogar são aceitas pelo povo" sírio. "São fabricadas no estrangeiro? Chamam ou aceitam elas a intromissão estrangeira? Apoiam o terrorismo? Quando definirmos estas bases, então podemos definir se sustentamos um diálogo ou não", afirmou.
Ele assegurou que "sempre o governo optará pelo diálogo em lugar da violência, ainda que deva defender as garantias, a ordem e a tranquilidade cidadãs".
Atualmente a Síria leva adiante um processo de reformas democráticas e pluralistas que abarcam desde a reformulação da Constituição, até a criação de partidos opositores, eleições locais e legislativas, e um abrangente diálogo nacional com todos os segmentos da sociedade síria.
Com respeito aos laços com Moscou, Assad expressou sua confiança de que a Síria possa seguir contando com o apoio da Rússia, principalmente pelas relações históricas entre os dois países e por ser esta uma potência permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Recordou que desde o início da crise, Damasco e Moscou mantiveram uma comunicação direta e constante, na qual as autoridades sírias explicavam a importância e influência deste país em termos do quadro político regional no Oriente Meio.
"A Rússia conhece os perigos das tentativas da interferência estrangeira na Síria, daí que joga um papel importante na arena internacional, como o demonstrou seu veto no Conselho de Segurança da ONU", disse.
Daí que Damasco espera contar com a posição e o contínuo apoio da Rússia "não só em defesa da Síria, senão também em defesa da estabilidade mundial", afirmou o presidente.
Assad opinou que as sanções impostas pelo Ocidente, as quais não são novas, afetam mais o povo que o governo, mas não o asfixiarão. "A Síria possui capacidade industrial e produtiva, e, ademais, conta com países vizinhos, e é capaz de superar o bloqueio ajustando seu comércio internacional", previu.
"Há muitas nações no mundo que mantêm muito bons vínculos com a Síria na Ásia e na América Latina", acrescentou o presidente. Quanto a uma ação armada, Assad afirmou que "qualquer agressão será mais custosa do que o mundo pode se permitir pagar".
"Os chamados a uma provável agressão contra o país escutamos de tempos em tempos, particularmente durante momentos de crise entre a Síria e países ocidentais nas últimas décadas", disse. "Esses chamados estão dirigidos a pressionar a Síria para que mude sua postura política".
Não obstante, afirmou, Damasco toma em consideração todas as possibilidades, e "quando a pátria está ameaçada do ponto de vista militar ou de segurança, é natural que se defenda, não importa a balança de quem seja mais forte ou mais débil".
"A Síria tem uma posição única em termos geográficos, geopolíticos e históricos, entre outros valores, já que é o ponto de reunião de todos, ou quase todos, os componentes culturais, religiosos, sectarios e étnicos do Oriente Médio", destacou.
"É como uma falha tectônica que, se fosse atacada, desataria um terremoto que atingiria consequentemente toda a região e, por sua vez, afetaria todo o mundo, que não poderia custear seus efeitos", ilustrou o presidente Assad. Por isso, concluiu, parece que a tendência se move para as pressões políticas e econômicas.
Fonte: Prensa Latina