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Marta sai da disputa em SP e PT já articula candidatura de Haddad

A senadora Marta Suplicy (PT-SP) declarou na tarde de hoje (3) que desistiu de sua pré-candidatura à Prefeitura de São Paulo, atendendo aos pedidos da presidente da República, Dilma Rousseff, e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela também disse que se retirou por ter uma postura “muito combativa e aguerrida”, o que poderia prejudicar a unidade do partido, se entrasse numa prévia. Aliados de Haddad já trabalham para buscar apoio da senadora.

coletiva marta suplicy

"Eu fiquei muito sensibilizada com o pedido da presidente Dilma e do ex-presidente Lula. E por isso quero dizer que estou me retirando da disputa de 2012 e vou continuar no Senado exercendo meu cargo de vice-presidente", declarou a senadora em coletiva de imprensa, ocorrida no diretório nacional do partido, no centro de São Paulo.

Ela reconheceu que ficou difícil dizer não, como petista, aos pedidos feitos pelos dois. "Um pedido feito pela presidente e pelo ex-presidente, num momento desse que foi feito, não teria nenhuma condição, nenhuma vontade e nem poderia dizer não, como petista. Então, é de coração que estou saindo dessa disputa, porque o pedido dos dois é algo irrecusável", concluiu, referindo-se ao momento em que Lula iniciava seu tratamento de um câncer na laringe.

Questionada sobre a ausência de prévias no PT, que sempre usou esse instrumento para escolher seus candidatos, lembrou que se trata de um instrumento democrático, mas avaliou que havia muitos candidatos e que sua presença tornaria a disputa ainda mais acirrada e poderia "estraçalhar a militância petista", colocando em risco a unidade do partido.

“Do jeito que eu sou não seria muito produtivo. Eu gosto de debate. E eu acho que seria um debate que não valeria a pena. Deixa para os adversários fazerem esse debate. Essa foi sempre uma questão que me fazia ir e voltar”, ponderou a vice-presidente do Senado.

Na terça-feira, a senadora se encontrou por alguns minutos com a presidente da República, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, logo depois que Dilma visitou Lula no hospital e momentos antes dela embarcar para o encontro do G20, na França. Segundo a ministra-chefe da Secretaria de Comunicação Social, Helena Chagas, Dilma pediu à ex-prefeita de São Paulo que desistisse da pré-candidatura à Prefeitura da capital paulista em 2012. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por sua vez, já havia deixado transparecer, anteriormente, que seu candidato é o ministro da Educação Fernando Haddad.

Marta, que reafirmou sua vontade em concorrer à Prefeitura de sua cidade, não declarou apoio a  nenhum petista nas prévias, alegando que a legenda vive um processo e que vai aguardar o posicionamento do partido. Mas, ressaltou que o ministro da Educação, Fernando Haddad, é o favorito.

“Tudo indica que vai ser o Haddad. Eu acredito que a candidatura do partido é a candidatura que irei apoiar. Tudo o que quero nesse momento é que o PT volte à Prefeitura de São Paulo. E a candidatura que o PT escolher é a que eu vou me empenhar para chegar lá”, afirmou.

Com relação à influência do presidente Lula na sua decisão, Marta lembrou que o ex-presidente nunca havia pedido para ela retirar a candidatura. “Foi a primeira vez que ele me pediu", frisou a senadora, que diz ser uma soldado, que se é importante para o partido que ela permaneça no Senado, é lá que vai ficar.

“Aprovamos o Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), que aliás, é uma conquista do Haddad no Ministério da Educação, que eu aprovei em tempo recorde. E vou continuar exercendo a vice-presidência, que é um trabalho importante lá no Senado, no dia a dia para o governo. E para ajudar a construir esse Brasil que a Dilma está fazendo”, comentou Marta Suplicy.

Marta não tem a intenção de se candidatar a presidência do Senado e negou que tenha negociado qualquer tipo de vaga no governo como, por exemplo, em algum ministério na possível reforma ministerial, prevista para janeiro de 2012.

Questionada sobre o comentário que fez em relação ao ministro Fernando Haddad, há cerca de um mês, de que “se o PT quiser perder, basta lançar Haddad como candidato”, Marta falou que não se arrepende de ter dito isso. “Eu estava no embate, gente. Agora, que não sou mais candidata, essa frase, vira-se a página”, comentou.

Lula

Marta Suplicy contou que ligou para o ex-presidente Lula pela manhã para anunciar em primeira mão sua decisão de abrir mão da candidatura. Segundo a senadora, Lula não aguenta mais ficar em casa, que já na próxima semana vai ao Instituto da Cidadania, e que em breve deve almoçar com o líder petista. “Ele está ótimo, com uma voz ótima, falando com força. Falei a ele que era a primeira pessoa para quem queria dar a notícia”, disse.

Prévias?

Depois da saída de cena de Marta Suplicy, se espera que não ocorram prévias petistas em São Paulo e que a vaga para a disputa ficará com Haddad. No entanto, Rui Falcão negou que essa movimentação signifique o fim das prévias. Mas, também reconheceu o favoritismo de Haddad.

“O melhor (caminho) para o PT é ter um candidato forte para que possamos recuperar a prefeitura em 2012. Pelos processos de apoio quem tá reunindo maioria hoje no PT é o Fernando Haddad”, declarou após a coletiva de imprensa.

Depois do anúncio oficial da senadora, aliados de Haddad já trabalham para buscar apoio da senadora e para que os outros dois pré-candidatos, os deputados federais Jilmar Tatto e Carlos Zarattini, também retirem suas candidaturas, o que é o mais esperado.

Já o terceiro pré-candidato, o senador Eduardo Suplicy, que já disputou uma prévia em 2002 contrariando o ex-presidente Lula, continua coletando as assinaturas necessárias para que possa protocolar sua pré-candidatura. Ele tem até segunda-feira (7) para se inscrever. Apenas Zarattini fez sua inscrição.

Deborah Moreira, da redação do Vermelho