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Pressão da UE derruba governo e leva Grécia mais à direita

A União Europeia exigiu e o governo de George Papandreu na Grécia caiu. A semana mais agitada da vida política recente grega terminou este domingo (6), com um princípio de acordo para um governo de “unidade nacional” entre os partidos PASOK, governista, e Nova Democracia, da oposição de direita. As bases para o acordo só serão conhecidas nesta segunda (7), mas já se sabe que o atual primeiro-ministro não fará mais parte da gestão.

Após uma reunião realizada na noite passada, entre o ministro das Finanças e vice-primeiro-ministro, Vangelis Venizelos, e membros da Nova Democracia, ficou definido que a Grécia realizará eleições antecipadas em 19 de fevereiro de 2012.

O primeiro-ministro grego, Giorgos Papandreu, e o líder da oposição, Antonis Samarás, continuam hoje seus contatos para chegar a um acordo sobre quem sucederá o até agora chefe de governo durante esse período de transição. A nova equipe terá como principal missão negociar mais um pacote de arrocho, para garantir o plano de resgate da União Europeia e, consequentemente, a permanência do país na zona do euro.

Se, sob o governo da social-democracia, a Grécia já trilhava um caminho pela direita, com políticas anti-populares, prejudiciais aos trabalhadores e pró-Fundo Monetário Internacional e União Europeia, agora, com esta aliança conservadora, a tendência é piorar. O que se espera é que o novo governo amplie as medidas de austeridade fiscal, atendendo aos interesses da plutocracia e castigando ainda mais a grande maioria da população.

Papandreu deixa o cargo já nesta segunda-feira (7), segundo informou um comunicado oficial do gabinete da Presidência. O ex-premiê, que em 2009 foi eleito com a promessa de reduzir a pobreza, termina seu governo com meros 10% de apoio da população. Ontem, confirmou que não fará parte do novo governo.

Seu anúncio conclui uma semana de caos político. A decisão de Papandreu de levar o pacote de resgate a um referendo nacional enfureceu a UE, que passou a presisonar de todas as formas a Grécia, com chantagens e ameaças explícitas. A reação europeia e os desdobramentos que culminam com a saída de Papandreou deixam claro que a soberania nacional é letra morta no bloco europeu.

Depois de várias autoridades europeias, especialmente dos governos alemão e francês, terem colocado em causa a permanência da Grécia no Euro e na própria União, no caso de uma hipotética vitória do “não” no referendo anunciado por Papandreu, o comissário europeu para a Economia reconheceu, oficialmente, que a Comissão tem pressionado a Grécia para uma grande coligação entre os principais partidos.

“Temos pedido um governo de unidade nacional e mantemo-nos convencidos de que esta é a melhor maneira de restaurar a confiança e cumprir os compromissos”, declarou Olli Rehn. Há vários dias que, sem serem citados, responsáveis da União Europeia vêm afirmando que um governo de “unidade nacional” é condição essencial para a manutenção do financiamento internacional à Grécia e para implementar mais um plano de austeridade.

Ainda hoje, em entrevista ao jornal de maior tiragem do país, o ministro da Economia da Alemanha ameaçou a Grécia, dizendo que “a paciência tem limites” e que “não deve haver atrasos no processo de reformas. Os gregos têm uma escolha: reformas no espaço do euro ou nenhuma reforma e abandoná-lo. Não há uma terceira via”.

O governo grego é o quinto a ser derrubado no bojo da crise na Europa. Mas, desta vez, Bruxelas exerceu toda o seu poder de pressão e influência para esse desfecho.

Reação

Em nota sobre a atual situação, o Partido Comunista grego reiterou que a formação de um governo de coalizão PASOK-Nova Democracia é uma exigência da plutocracia grega e da União Europeia. "Seu objetivo não é salvar o povo, mas subjugá-lo e massacrá-lo ainda mais", diz o texto.

Os comunistas propõem a unidade popular contra os pacotes de maldades, que a União Europeia e o FMI estão impondo aos trabalhadores e incluem desde demissões em massa, até aumento de impostos. "Em oposição a essa aliança extremamente hostil dos partidos burgueses o povo deve opor a sua própria união e realizar o contra-ataque a esses planos reacionários", afirmam.

"Neste momento, os trabalhadores assalariados, os trabalhadores autônomos, os agricultores pobres e a juventude devem levantar a cabeça nos locais de trabalho, nos bairros populares, proclamando a sua determinação de pôr fim aos sacrifícios em nome dos lucros do capital e da UE", complementa a convocação.

De acordo com o partido, a crise do capitalismo na Grécia e na zona do euro está se aprofundando, a competição dentro e fora da UE também, e, por esta razão, seus partidos estão aumentando sua guerra contra o povo. "O povo não deve ter medo da UE e dos monopólios, ao contrário, deve utilizar a sua crise e suas contradições para combatê-los".

Da Redação, com agências