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Pressionado pelo mercado financeiro premiê grego renuncia

O primeiro ministro da Grécia, Giorgios Papandreou, apresentou nesta quarta-feira (9) seu pedido de renúncia ao cargo, "agradecendo" aos cidadãos gregos pela "paciência" durante a crise econômica que vive a Grécia, instou o novo governo a manter a "democracia" e a "humanidade" acima dos mercados.

Ao evitar falar em nomes para o cargo, Papandreou afirmou que os líderes dos partidos majoritários no parlamento já teriam selado um acordo para a formação de um novo governo. A renúncia já era esperada e era forçada pelo mercado financeiro europeu, que já não via Papandreou como capaz de implantar as medidas draconianas que a troica (Comissão Europeia, FMI e Banco Central Europeu) exigem para evitar a falência da Grécia.

De acordo com as agências de notícias, os líderes dos partidos de centro e de direita admitiram mais cedo que foi feito um pacto para que o sucessor de Papandreou na chefia da coligação de centro-direita no poder seja Philippos Petsalnikos, até agora porta-voz do parlamento e membro do PASOK, partido de nome "socialista" mas de cunho social-democrata e que implantou as medidas neoliberais que conduziram a Grécia à bancarrota.

O próximo premiê deve negociar com Bruxelas e o FMI a aplicação de um segundo resgate financeiro que permita ao país continuar pagando as faturas – para evitar a quebra dos seus credores – e dar conrtinuidade às reformas draconianas.

O plano fechado em 27 de outubro estabelece uma ajuda de 130 bilhões de euros (US$ 179 bilhões) entre empréstimos e garantias, além de quitar cerca de 100 bilhões de euros que estavam nas mãos de bancos, de um total de 350 bilhões de dívidas.

De acordo com o Parlamento grego, Petsalnikos nasceu em Mavrochori, Kastoria, e tem 25 anos de carreira política, tendo sido eleito pela primeira vez membro do parlamento pela social-democracia em 1985.

Aleka Papariga, em nota publicada no site do PC da Grécia (KKE) na segunda-feira (7) declarou que os comunistas não participarão do novo governo e repudiam a perda de soberania estabelecida com a adoção das medidas draconianas.

Membros da oposição ficaram irritados com uma reivindicação, feita por ministros das Finanças da zona do euro, de que o novo governo se comprometa por escrito com os termos do pacote de ajuda.

Após uma reunião com o chefe de Estado, Carolos Papulias, este último convocou para às 17 horas (15 horas de Brasília) uma reunião entre os chefes dos três partidos, Papandreou (PASOK), seu rival conservador, Antonis Samaras, e o dirigente do quarto partido grego, Laos, de extrema direita, informou a presidência da República.

KKE condena exigências da UE

Em nota publicada em seu site, o Partido Comunista grego (KKE) condena o conchavo político que está sendo formado em torno da substituição do premiê, sob a pressão da União Europeia e do mercado financeiro credor.

"A garantia da sexta prestação é o pretexto para justificar a formação de uma coligação aberta do PASOK e da Nova Democracia (ND) e outros partidos do sistema. Esta é a exigência da plutocracia grega e da UE. Seu objectivo não é salvar o povo mas subjugá-lo e levá-lo a um massacre ainda maior com o acordo de empréstimo e o memorando da bancarrota", diz a nota.

Leia a seguir íntegra da nota, publicada pelo gabinete de imprensa do KKE:

Em qualquer caso o povo pode ver com o seus próprios olhos as intervenções nuas e descaradas dos líderes da UE e de outros mecanismos do capital, em harmonia com os partidos do 'caminho único da UE', algo que o KKE desde há longo tempo denunciou.

Em oposição a esta aliança extremamente hostil dos partidos burgueses o povo deve afirmar neste exato momento a sua própria aliança popular e contra-atacar para erguer obstáculos e arruinar seus planos reacionários. Esta aliança governamental aberta mostra as suas dificuldades e temores em relação ao povo, sua emancipação e organização.

O povo deve confiar no KKE e ver claramente onde estão seus interesses e perspectivas, de modo a que possa rejeitar a chantagem e as ameaças da classe burguesa grega e seus partidos, os quais estão a tentar transformar os seus próprios becos sem saída em dilemas intimidatórios para o povo.

A crise capitalista na Grécia e na Eurozona aprofunda-se, a competição dentro e fora da UE se torna mais aguda e, por esta razão, seus partidos e mecanismos realizam uma escalada em sua guerra contra os povos. O povo não deveria ter medo da União Europeia e dos monopólios, pelo contrário, deve utilizar a sua crise, as suas contradições, para combatê-los. O KKE conclama às camadas populares pobres que até agora votaram na Nova Democracia e no PASOK a aliar-se aos comunistas. Não devemos desperdiçar tempo algum.

Não expectativa, não tolerância, vigilância popular.

Exatamente agora os trabalhadores assalariados, os terceirizados, os agricultores pobres, a juventude devem levantar de forma resoluta as suas cabeças nos lugares de trabalho, nos bairros populares, proclamando sua determinação de por um fim aos sacrifícios para os lucros do capital, a proteção da União Europeia e do Euro.
 

Da redação, com agências