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Estudantes pedem libertação dos “presos políticos” da USP

Após a operação que reintegrou a reitoria ocupada da USP na manhã desta terça-feira (8), cerca de 300 estudantes se concentram nos arredores da reitoria, ainda cercada pela Tropa de Choque, em ato a favor da libertação dos “presos políticos da USP” e contra a manutenção da rotina da universidade.

Estudantes USP - Rahel Patrasso/Frame/Folhapress

A reintegração ocorreu em uma mega operação com quatro helicópteros, um efetivo de 400 policiais da Tropa de Choque e outras unidades da Polícia Militar, além da presença da guarda universitária e até de um comandante do Exército. O prédio estava ocupado por estudantes que protestavam contra o convênio firmado entre a reitoria e a USP para a manutenção da PM no campus.

Todos os 73 estudantes que estavam na ocupação foram levados em ônibus da PM para o 91º Distrito Policial (Ceagesp) “para as medidas de polícia judiciária”.

Os estudantes poderão responder por crime de dano ao patrimônio público, crime ambiental e desobediência civil. Eles só serão liberados mediante o pagamento de fiança de R$ 1.050 cada um, valor que pode chegar a R$ 50 mil dependendo da avaliação socioeconômica.

Segundo o estudante de sociologia e jornalista A.S, que pediu para não ter o nome divulgado por temer retaliação, já que até as redes sociais dos alunos estão sendo monitoradas, “hoje a faculdade não pode funcionar com normalidade, como se nada tivesse acontecido. Esse ato foi muito grave. Não aconteceu ação semelhante sequer na época da ditadura”, afirmou. Ele relatou que os manifestantes agrupados perto do prédio da reitoria gritam “palavras de ordem pela libertação dos presos políticos da USP”.

A ação começou às 5h40.Segundo relatos de estudantes presentes na ocupação, os policiais entraram no prédio quebrando janelas e renderam os estudantes que vigiavam a ocupação. Segundo nota divulgada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, será realizada uma perícia no prédio da reitoria e se for comprovado danos, os estudantes não só serão fichados, como responderão pelo crime de dano ao patrimônio público.

Histórico

Os estudantes tinham ocupado no dia 27 de outubro o edifício administrativo da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, em protesto contra a presença da Polícia Militar nas dependências da Universidade, onde soldados armados cometeram arbitrariedades, como prender três estudantes que fumavam maconha. Na madrugada do dia 2 de novembro, um grupo de manifestantes, descontentes com a decisão da assembleia estudantil de se retirar do prédio da Faculdade, decidiu ocupar a reitoria.

Na segunda-feira (7), os cerca de 150 estudantes que estavam acampados na USP decidiram, em assembleia, manter a ocupação do prédio da reitoria. A decisão foi tomada minutos antes do prazo dado pela Justiça para a desocupação do prédio sem o uso de força policial.

De acordo com a determinação judicial, os estudantes que pedem a saída da PM do campus deveriam ter deixado o prédio até as 23 horas desta segunda (7).

Os universitários querem garantias da USP de que não haverá processo administrativo contra os estudantes que ocuparam o prédio da reitoria.

A administração da USP se comprometeu a incluir os alunos nos debates sobre o convênio com a Polícia Militar e rever os processos administrativos envolvendo os estudantes e funcionários, mas já adiantou que manterá o convênio com a PM. A polícia passou a fazer a segurança da universidade após a morte de um aluno, vítima de latrocínio dentro do campus.

Da Redação, com agências