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Rocinha é ocupada por forças policiais; ação segue sem confronto

A favela da Rocinha já estava dominada pelas forças policiais por volta das 6 horas da manhã deste domingo (13), segundo informações do próprio comando da polícia. Neste horário, cerca de mil homens da PM, incluindo efetivos do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e da BPChoque (policia de choque) estavam atuando diretamente nas três comunidades (Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu), juntamente com 194 fuzileiros navais, 160 agentes da Polícia Federal e 46 agentes da Polícia Rodoviária.

Para o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, o maior objetivo – que era devolver o local à comunidade, depois de 30 anos na mão de criminosos – foi alcançado na operação. "O nosso objetivo era devolver aquele território para a população e isso foi feito. O nosso trunfo foi fazer tudo isso sem derramar uma gota de sangue, sem dar um tiro", afirmou o secretário.

Para ele, o paradigma de violência que o Rio de Janeiro sempre viveu vem sendo quebrado com o trabalho conjunto dos governos estaduais, federais e municipais. "Os passos que temos dado não são os passos que muitos desejam, mas são passos sólidos. O problema é muito grande, e é grande porque é histórico."

Segundo Beltrame, é "temerário" falar que não há mais bandidos dentro das três comunidades – Rocinha, Vidigal e Chácara do Céu –, já que as forças de segurança estão há pouco tempo dentro das favelas. "Esse trabalho começou e não tem data para encerrar. É a libertação do jugo do fuzil. Quem vai dar o tempo de transição para a entrada da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) será o Bope (Batalhão de Operações Policiais Especiais) e a Tropa de Choque", afirmou.

Forças de segurança

O governador do estado, Sérgio Cabral, disse que as forças estaduais de segurança vão permanecer na comunidade da Rocinha, após a ocupação. Segundo ele, os homens do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque da Polícia Militar ocuparão o local até a instalação definitiva da Unidade de Polícia Pacificadora, a 19ª do estado do Rio, em data ainda não definida.

Cabral lembrou que a presidente Dilma Rousseff aceitou seu pedido de prorrogação da ocupação dos militares naquelas comunidades até junho de 2012 e acrescentou que logo após o controle da Rocinha ter sido anunciado hoje, ligou para agradecer à chefe de Estado.

“O território foi retomado graças à unidade e à união das forças públicas que trabalharam nessa operação, para resgatar comunidades que estavam abandonadas pelo poder público e dominadas pelo poder paralelo há décadas. Dentro do nosso planejamento de formação dos policiais, não teríamos como avançar no nosso calendário se não houvesse a prorrogação, se as Forças Armadas não dessem mais uma contribuição ao Rio de Janeiro”, disse, durante entrevista coletiva na manhã deste domingo, no 23º Batalhão de Polícia Militar, no Leblon, zona sul do Rio. No local, foi montado um centro de comando da Operação Choque de Paz.

Operação

A Polícia Civil está presente na operação Choque de Paz com 186 policiais. Treze cães farejadores da PM também participam da ocupação. Há ainda outros 1,3 mil homens mobilizados no apoio à operação em diferentes pontos da cidade.

Cerca de 3 mil homens participaram da operação, com apoio de seis blindados "caveirão" da PM, 18 blindados da Marinha, quatro helicópteros da PM e três da Polícia Civil. Seis ambulâncias e 485 viaturas da PM e 96 PC estão mobilizados. A PF está usando 15 viaturas e a PRF, 13.

De acordo com fontes da assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança, enquanto o Bope ocupa a Rocinha, o Batalhão de Choque está no Vidigal e na Chácara do Céu, também tomadas pelas forças policiais, segundo o chefe do Estado Maior Operacional da PM, coronel Pinheiro Neto.

Apreensões

A polícia apreendeu armas que estavam enterradas na parte mais alta do morro da Rocinha, no Rio de Janeiro. Entre elas, havia dois fuzis com adesivos de coelho, símbolo de Anderson Rosa Mendonça, o Coelho, chefe do tráfico no morro de São Carlos, preso na quarta-feira (9). As mesmas armas também tinham o nome da facção criminosa Amigos dos Amigos (ADA).

As armas estavam dentro de um tonel, que foi enterrado na região da Rocinha chamada Laboriaux. Eram oito fuzis Fal, um Para-fal, dois AR-15, uma espingarda calibre 12 e uma submetralhadora. No tonel também havia uma granada e muita munição. O material foi encaminhado para o 23º Batalhão da Polícia Militar.

No fim da manhã também foram apreendidos 10 morteiros no meio da rua Umuarama, na localidade 199. Quatro deles estavam armados para cima. Os armamentos estavam escondidos debaixo de uma lona. A polícia levou tudo para o batalhão da PM e aguarda a chegada do esquadrão antibomba para apurar qual o poder de destruição dos morteiros. O balanço final da operação só será divulgado no fim da tarde deste domingo.