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Jornal ganha um assinante digital por minuto

O "New York Times" está ganhando um novo assinante digital por minuto, segundo Isabel Sicherle, diretora para América Latina, México e Caribe do jornal. Desde que a empresa implementou seu "paywall" (muro de cobrança), em março, conquistou 325 mil assinantes digitais, mais 100 mil assinantes por meio de um acordo com a Ford e 800 mil assinantes do impresso que têm acesso ao online.

"A avaliação é que o sistema de assinaturas digitais é um sucesso: nosso modelo de cobrança está correto e nosso público está preparado para pagar", disse Isabel em palestra no Seminário Internacional de Jornais da International Newsmedia Marketing Association (INMA), ontem (22), em São Paulo. "É como música digital: as pessoas se acostumaram a pagar e não reclamam mais."

O paywall é o sistema pelo qual os jornais dão acesso a seu conteúdo online. No caso do "NYT", o leitor tem acesso gratuito a 20 artigos por mês. A partir daí, precisa ter uma assinatura, cujo preço varia de US$ 15 a US$ 35, de acordo com o pacote oferecido (acesso de smartphone, internet e tablet).

Mesmo com o início da cobrança pelo acesso digital, o jornal não perdeu tráfego. Antes do paywall, eram 50 milhões de visitantes únicos, número que caiu para 45 milhões logo após a introdução da cobrança e agora voltou à faixa dos 50 milhões. "O caso do NYT é único porque já tínhamos um número enorme de tráfego e podíamos nos dar ao luxo de perder alguns", disse.

Mas ela acredita que o NYT não perdeu muito tráfego porque manteve sua home page aberta, não restringiu o acesso a artigos encontrados por meio de mecanismos de busca e permite o compartilhamento de matérias em mídias sociais. "Os 5 milhões de usuários pesados são nosso alvo para as assinaturas digitais, mas, como não erguemos uma paywall muito restritivo, não assustamos os outros milhões de usuários não tão frequentes", disse Isabel.

O sucesso com as assinaturas digitais tem permitido ao jornal investir em sua ampla cobertura internacional –são 48 sucursais ao redor do mundo– e em seu laboratório de pesquisa e desenvolvimento, contou Isabel.

No laboratório de P&D, no 28º andar do jornal, dentro do departamento de publicidade, cerca de 20 engenheiros de computação se ocupam de prever o futuro e trabalhar em projetos de novas tecnologias. Pesquisam também a que horas os leitores acessam o jornal de qual plataforma: impresso em períodos selecionados de manhã, à tarde e à noite; online no horário comercial; tablet entre 6h e 10h e 20h e 22h; e smartphone o dia inteiro.

Ele usam essas informações também para que os anunciantes possam programar melhor suas campanhas em plataformas múltiplas.

Brasil

Em sua palestra, o editor-executivo da Folha, Sérgio Dávila, ressaltou que o jornal já está em avançado estágio de integração do online e do impresso, mas o que norteia o grupo ainda é o papel.

"O papel tem muito mais credibilidade: uma manchete de seis colunas tem muito mais peso que uma manchete online", disse Dávila. "E, de cada US$ 100 que entram na Folha, US$ 90 vêm do papel; o meio online é badalado e atraente, mas a base é pequena."

Dávila também enfatizou que, independentemente da plataforma, é necessário seguir os princípios editoriais da Folha.

"Até um tuíte de 140 caracteres precisa ter o outro lado; por exemplo 'Vídeo mostra ministro viajando em avião particular –político nega'". A Folha vem treinando os jornalistas do impresso para aproveitas as diversas possibilidades de conteúdo em plataformas diferentes –com cursos de fotografia no iPhone, por exemplo.

Fonte: Folha