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Hamas defende união palestina e critica extremismo de Israel

O chefe do movimento palestino Hamas, Khaled Meshaal, afirmou que os movimentos palestinos não têm outra opção a não ser aproximar posições devido aos recentes acontecimentos na região e à intransigência de Israel, em uma entrevista concedida à AFP.

"Não há nenhum outro caminho possível a não ser nos entendermos, sobretudo levando em conta que estamos em plena 'Primavera Árabe' e que sopram ventos de mudança na região", declarou Meshaal na noite de quinta-feira no Cairo, após o anúncio de uma "associação" com o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

"A dolorosa experiência com (o primeiro-ministro israelense Benjamin) Netanyahu e seu grupo extremista, a incapacidade da comunidade internacional para fazer justiça, as posições abertamente pró-israelenses do governo americano, além das eleições presidenciais, todas essas coisas nos obrigam a acelerar a reconciliação", disse o chefe no exílio do movimento islamita, radicado em Damasco.

Durante uma reunião a portas fechadas, Abbas e Meshaal aprovaram um documento que prevê, entre outros temas, "se concentrar na resistência popular pacífica".

"Todo o povo tem o direito de lutar contra a ocupação de todas as maneiras possíveis, com as armas e de outra forma, mas no período atual queremos cooperar com esta resistência popular", explicou Meshaal à AFP.

"Acreditamos na resistência armada, mas a resistência popular é um programa comum de todos os movimentos" palestinos, lembrou.

"Queremos entrar em acordo sobre uma verdadeira estratégia comum, reparar nossa casa palestina e trabalhar juntos com um espírito de cooperação com o Fatah e todas as forças" políticas, afirmou o líder do Hamas.

Meshaal destacou o ambiente construtivo de suas negociações com Abbas, pela primeira vez desde que ambos os líderes se reuniram em Meca, em 2007, antes da divisão entre a Faixa de Gaza, dirigida pelo Hamas, e a Cisjordânia, governada pela Autoridade Palestina.

"Disse aos dirigentes do Hamas do interior e do exterior (da Cisjordânia e Gaza) que adotem um discurso político e midiático que não contradiga o espírito positivo que predominou" entre grupos palestinos, acrescentou.

Referindo-se às advertências de Israel, que se opõe à formação de um governo palestino apoiado pelo Hamas, Meshaal ressaltou: "Estas ameaças do governo de Netanyahu e a realização de uma reunião de seu gabinete de segurança não nos assustam, mas confirmam que vamos pelo bom caminho".

Na quinta-feira, o governo de Israel ameaçou manter o congelamento dos fundos devidos à Autoridade Palestina se o anúncio de uma aliança entre os movimentos Fatah e Hamas produzir como resultado a formação de um "governo de união".

"Se os palestinos assinarem um acordo a respeito de um governo de união, isto tornaria impossível a transferência dos fundos", afirmou à AFP uma fonte fo governo israelense que pediu anonimato.

De acordo com a imprensa israelense, um seleto grupo de ministros foi convocado na quinta-feira para uma reunião com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu. O gabinete teria decidido manter no momento o congelamento dos fundos devidos por Israel aos palestinos.

Com AFP