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Em meio a ameaças, Síria continua recebendo apoio

Sob uma chuva de ameaças, em particular de uma cada vez mais beligerante vizinha Turquia, a Síria continua, apesar disso, recebendo apoio da Rússia, China e outros países que se afastaram da campanha hostil da qual é objeto.

No mais recente ataque verbal contra Damasco, o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, disse na última terça-feira (29) que Ancara não quer uma intervenção militar na Síria, mas está preparada para qualquer situação contra o presidente Bashar Al-Assad, inclusive o estabelecimento de uma zona de segurança.

Agregou que já preparou um pacote de sanções e o divulgará depois que se reunir com o presidente Abdullah Gul e o premiê Tayyip Erdogan.

A Turquia converteu-se nos últimos anos no principal sócio comercial da Síria com um intercâmbio bilateral de 2,5 bilhões de dólares anuais, ainda que as exportações turcas baixaram 10 por cento em outubro e na primeira quinzena de novembro, segundo fontes em Ancara que ameaça fechar as rotas de transporte mercantil através do território sírio.

Em igual tom, seu colega francês, Allain Juppe, disse que Paris era favorável a criar essa faixa de contenção, inclusive dentro do território sírio para dar socorro a um suposto êxodo de pessoas, mas disse que para isso contaria com as autoridades de Damasco.

No meio de tais ameaças, o chanceler da Rússia, Sergei Lavrov, chamou a deter o uso das sanções e as ameaças, inclusive as que agora emanam de alguns membros da Liga Árabe), já que estas não são a via para resolver o problema.

Lavrov abordou o assunto sírio em Moscou depois de receber seu homólogo islandês Ossur Skarphedinsson na terça-feira, destacam meios em Damasco.

O ministro russo manifestou sua esperança de que os países membros da Liga Árabe, com os quais Moscou mantém boas relações, se apeguem às normas dessa organização para que adotem decisões adequadas e assumam as responsabilidades sobre o que ocorre em sua região, levando em conta os interesses de seus povos, a estabilidade, segurança e cooperação.

Lavrov enfatizou que as provocações na Síria não são praticadas pelas autoridades, mas por uma oposição armada cujos membros – assinalou – torturam severamente as pessoas e provocam sabotagens e distúrbios.

O chanceler russo chamou "todos os países que têm influência sobre estes grupos dentro da Síria a realizarem mais esforços para fazer com que detenham a violência".

Inclusive, disse que esses grupos têm conexões com um grande número de países árabes e ocidentais já que incluem estrangeiros e estão recebendo fornecimentos bélicos procedentes do exterior.

Depois de considerar que as demandas de impor um embargo contra Damasco são desonestas, Lavrov comentou que a Rússia aprendeu com a experiência da Líbia e criticou que todos os países que exigem ações contra a Síria tenham adotado uma postura diferente com relação ao Iêmen.

No Barein tropas estrangeiras do chamado Conselho de Defesa do Golfo têm cometido matanças de civis que protestam contra a monarquia ali, não obstante o Ocidente e a Liga Árabe manterem total silêncio.

Lavrov expressou também que um relatório da ONU, segundo o qual as autoridades sírias têm cometido crimes de lesa humanidade, não é considerado uma postura oficial dessa organização e só reflete a opinião de representantes da secretaria geral desse organismo.

As posições oficiais da ONU – esclareceu – são anunciadas por seus órgãos oficiais, particularmente o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral.

Por sua vez, a China enfatizou também na terça-feira que qualquer medida analisada e adotada pela ONU ou seu Conselho de Segurança sobre a Síria deve contribuir ao diálogo político para resolver a crise, aliviar as tensões e ajudar a preservar a paz e a estabilidade no Oriente Médio.

O porta-voz da Chancelaria chinesa, Hong Lei, reiterou o chamado de Pequim às organizações internacionais para colaborar a fim de brindar um apoio construtivo para fomentar um diálogo político que possibilite um processo integral na Síria com o fim de restaurar a estabilidade e a ordem o quanto antes e ajude a deter a violência.

A imprensa síria também noticiou que a liderança regional do Partido Socialista Árabe al-Baath criticou a Liga Árabe por fechar as portas ao diálogo e à cooperação política e econômica com Damasco ao ditar sanções contra o povo sírio.

Prensa Latina