Memorial vai homenagear os mortos pela ditadura militar

Neste domingo, dia 11, o Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro vai inaugurar um memorial em homenagem aos mortos pela ditadura militar. O ato vai acontecer no cemitério de Ricardo de Albuquerque, onde diversas pessoas assassinadas na época foram enterradas como indigentes.

Em maio de 1991, com a autorização do governo do Estado do Rio de Janeiro, o Grupo Tortura Nunca Mais/RJ iniciou pesquisas no Instituto Médico Legal, no Instituto de Criminalística Carlos Éboli e na Santa Casa de Misericórdia. Documentos encontrados mostraram a existência de três cemitérios no Rio de Janeiro que, ao final dos anos 60 e durante toda a década de 70, receberam mortos que foram enterrados como indigentes, em diferentes épocas: Ricardo Albuquerque (entre 1971 e janeiro de 1974), Cacuia e Santa Cruz.

Segundo documentos encontrados nos três estabelecimentos pesquisados, pelo menos 14 militantes políticos foram enterrados em Ricardo de Albuquerque em uma vala clandestina. Um dos enterrados ali foi o dirigente do PCdoB, Luiz Guilhardini, morto aos 53 anos de idade no Rio de Janeiro, logo após a sua prisão.

O corpo de Guilhardini entrou no IML em 05 de janeiro de 1973, pela Guia n° 14 do DOPS, como desconhecido, descrevendo-o apenas como “morto quando reagiu às Forças de Segurança”. Foi reconhecido oficialmente, no mesmo dia, pelo Serviço de Identificação do Instituto Félix Pacheco/RJ e, no dia seguinte foi enterrado, com seu próprio nome, como indigente, no Cemitério de Ricardo de Albuquerque (RJ) na cova 22.708, quadra 21. Em 20 de março de 1978, seus restos mortais foram transferidos para um ossário geral e, em 1980/81, enterrados numa vala clandestina, no mesmo cemitério, com cerca de 2.000 outras ossadas de indigentes.