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China põe EUA em xeque na COP-17 ao aceitar cortar emissões

A China colocou as cartas na mesa: aceita cortar suas emissões de carbono a partir de 2020, mas impõe condições aos países desenvolvidos, como os EUA, de estabelecerem metas de reduções substanciais de suas emissões de gases de efeito estufa e assumirem suas responsabilidades históricas durante seu processo de industrialização. A declaração foi dada na 17º Cúpula da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre Mudança Climática (COP-17), em Durban, África do Sul.

Hoje, começou a rodada de alto nível, com pronunciamentos oficiais dos chefes das delegações dos países participantes. Durante a abertura dos trabalhos dessa rodada, onde ministros e chefes de Estado discursarão, falaram o presidente da Africa do Sul, Jacob Zuma, e o secretário-geral da ONU, Ban-Ki-Moon, além de representantes da Argentina, Uniao Europeia e Australia.

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Os discursos seguirão até quinta-feira (8), quando é esperado que discursem todos os representantes dos 194 paises presentes à COP-17 . A China fará seu pronunciamento oficial amanhã (7) e os Estados Unidos na quinta-feira (8), bem como o representante do Brasil.

“Enchentes no Paquistão e na Tailândia, desmatamento na Indonésia e no Brasil, desertificação na África, centenas de milhares de pessoas famintas… Vi pelo mundo como a mudança climática é imprevisível e tem tido efeitos mais intensos", disse Ban-Ki-Moon.

Depois de lembrar que diversos povos, em vários países, já estão sofrendo as consequências do aquecimento global, Moon falou da importância de uma atitude conjunta de todos para combater os efeitos do aquecimento. "Não há tempo a perder. É preciso ter mais investimento em desenvolvimento sustentável e energia. E deve ser efetivo e para todos, em um acordo global. Só juntos podemos chegar ao futuro que queremos".

Já o presidente sul-africano, Jacob Zuma, falou sobre as divergências entre os países sobre aspectos críticos. Ele enfatizou que é preciso buscar critérios comuns, em sintonia com a essência do multilateralismo, baseando-se no princípio da convenção que estabelece responsabilidades comuns, mas diferenciadas, para se chegar a uma solução coletiva. Zuma frisou a importância de abrir mão de questões nacionais específicas de cada país em defesa da humanidade.

"Se impõe reconstruir esta confiança mútua e garantir, uns aos outros, que todos estamos envolvidos na busca de soluções aos problemas da mudança climática", destacou o chefe de Estado da África do Sul.

Para ele, é crucial chegar a uma definição sobre o segundo período de compromissos do Protocolo de Quioto nesta conferência. Se deixar para depois, a situação estará mais difícil. "Há que garantir que, ao menos, algumas partes se comprometam em um segundo período de compromissos. Assim, outras seguirão esse exemplo e o farão em um futuro próximo", alegou o mandatário.

Jacob Zuma faz coro com a China, apontando a necessidade dos países desenvolvidos assumirem seus papéis correspondentes, como os maiores poluidores do planeta, e promoverem soluções para as negociações durante a conferência. "Há que tomar uma decisão aqui", enfatizou Zuma.

O líder africano foi ainda mais além, ao afirmar que os países em desenvolvimento devem receber uma compensação pelos danos e que os subdesenvolvidos "precisam de um tempo para desenvolverem-se e eliminar a pobreza".

Sobre as negociações em torno do segundo período do Protocolo de Quioto, que é essencial para a redução de emissões de poluentes, o secretário-geral da ONU também pediu comprometimento dos países para criarem as condições para que isto ocorra. "Países chave como a China já estão tomando atitudes positivas", ressaltou.

China

O chefe da delegação chinesa, Zenhua Xie, declarou ontem (5) a jornalistas, que ficaram surpresos com o que ouviram: que seu país se dispõe a assinar um tratado com força de lei para cortar as emissões de carbono, após 2020. No entanto, impõe cinco condições.

A primeira de que o tratado a ser aprovado inclua a cooperação internacional no combate às mudancas climáticas, e que sejam levadas em conta as resoluções de Bali, Indonésia, que decidiu que na segunda fase do Protocolo de Quioto os paises desenvolvidos devem ter metas consistentes de reduções de suas emissões de gases de efeito estufa.

A segunda que os países desenvolvidos assumam suas responsabilidades históricas pelos 200 anos de emissões de gases de feito estufa durante seus processos de industrialização. Também exigem uma relação balanceada entre o combate às mudancas climáticas e o desenvolvimento econômico.

A quarta exigência é de que as mitigações (redução das emissões) e as adaptações (medidas adotadas para combater os efeitos das mudanças climáticas) tenham tratamento igual. Por fim, que a ONU lidere o processo para a adoção de mecanismos de decisão que assegurem a unanimidade, através das consultas.

“Tal posicionamento colocou o imperialismo norte-americano na defensiva. Todd Stern, chefe da delegação norte-americana, afirmou que os compromissos que a China diz estar disposta a assumir não são ‘os mesmos compromissos sobre os quais estamos discutindo’. E outro representante dos EUA tentou enfraquecer a declaração, afirmando ‘não ter visto nada de importante na posição anunciada pela China’”, observou Aldo Arantes, secretário de Meio Ambiente do PCdoB, que acompanha as discussões sobre o clima em Durban, África do Sul.

Da Redação do Vermelho, com informações de Aldo Arantes, secretário de Meio Ambiente do PCdoB, em Durban, África do Sul