EUA deixam base aérea no Paquistão após Otan matar 24 soldados

Na semana passada, o comando do Exército paquistanês determinou a evacuação da base aérea de Shamsi (sudoeste), como represália pelo "erro" da Otan em 26 de novembro.

A base tem um papel importante nas incursões de aviões teleguiados, organizadas pela CIA, contra os insurgentes islamitas no noroeste do Paquistão. "Aceitamos esta demanda", declarou o embaixador norte-americano em Islamabad, Cameron Munte, a um canal de televisão paquistanês.
 
Os americanos têm até 11 de dezembro para abandonar a base, que fica na província do Baluchistão, sudoeste do país.

As circunstâncias da morte dos paquistaneses ainda não foram esclarecidas, The Wall Street Journal afirmou na semana passada que os ataques da Otan foram provocados por disparos procedentes de um posto militar paquistanês, o que Islamabad nega.

O governo paquistanês também se negou a participar de qualquer investigação que estivesse sob controle dos norte-americanos. Depois do erro, Islamabad decidiu não participar na conferência de Bonn (Alemanha) sobre o Afeganistão, que aconteceu na segunda-feira (5).

Analistas e autoridades norte-americanas, no entanto, consideram que o fechamento de Shamsi não deve prejudicar as operações com aviões teleguiados, que podem ser executadas a partir do Afeganistão. Washington interpreta o anúncio sobre a base de Shamsi como uma tentativa para acalmar uma opinião pública cada vez mais antiamericana.

Senadores querem rever relações com Paquistão

Dois senadores republicanos dos EUA pediram na segunda-feira uma minuciosa revisão das relações do país com o Paquistão, declarando que toda ajuda econômica e de segurança ao país deve ser reconsiderada.

John McCain e Lindsey Graham – membros da comissão de Serviços Armados do Senado – disseram que os EUA precisam ser realistas sobre a deterioração nas relações bilaterais.

Eles acrescentaram que ações dos militares paquistaneses estariam prejudicando as forças dos EUA e ameaçando a segurança norte-americana.

"Chegou a hora para que os Estados Unidos revejam totalmente suas relações com o Paquistão", disseram McCain e Graham em nota. "Em particular, todas as opções relativas à assistência de segurança e econômica ao Paquistão devem estar sobre a mesa, incluindo reduções substanciais e padrões mais rígidos para o desempenho."

Os EUA já destinaram cerca de 20 bilhões de dólares em ajuda econômica e de segurança ao Paquistão desde 2001, sendo grande parte dessa quantia na forma de reembolsos pela assistência paquistanesa no combate a militantes no vizinho Afeganistão.

As relações bilaterais já vinham em declínio por causa da ação militar clandestina dos EUA que resultou na morte do líder da al Qaeda, Osama bin Laden, em território paquistanês. A situação se deteriorou de vez no final de novembro, quando um bombardeio da Otan matou 24 soldados paquistaneses na região da fronteira.

Com agências