Chile: a derrota é de Piñera, não de Camila Vallejo
Camila Vallejo será a vice-presidente da Federación de Estudiantes de la Universidad de Chile (FECH). Comunistas e revolucionários se posicionam como segunda força, a pouca distância na apuração de uma pseudoesquerda, que será, sem dúvidas, vencida em sua gestão.
Por Modaira Rubio, no Tribuna Popular*
Publicado 08/12/2011 18:50
O resultado põe em evidência o que acontece dentro da sociedade chilena, quando se torna mais aguda a luta de classes e as contradições. A continuidade da "Lista J" na mesa diretora da FECH representa a vontade popular de milhões de cidadãos que não participaram nestas eleições setoriais, mas que estão de acordo com o lema "Mudar o Chile".
Não obstante, em um gesto que desnuda sua pouca inteligência, a direita celebra sua fragorosa derrota na FECH – já que perdeu os assentos que possuia na organização estudantil mais poderosa do país – e à cada vez menor credibilidade do governo de Sebastián Piñera.
Fazendo uso da máquina de Estado, na qual incluiu até sua própria mulher, Piñera converteu seus ministros e esposa em porta-vozes de uma feroz estratégia midiática de satanização, criminalização e desprestigio contra Camila Vallejo, a Lista J, a Juventude Comunista do Chile, o Partido Comunista (PCC) e, ainda assim, não conseguiu evitar que a chapa estudantil obtivesse um honroso segundo lugar na apuração definitiva.
Agora querem apresentar o resultado como uma derrota para o PCC, em mais uma campanha anticomunista, tão atroz como nos tempos da ditadura Pinochet. Para isso utilizaram até a figura do presidente Chávez, manipulando uma saudação enviada por Camila ao venezuelano por meio do jornal do Partido Comunista da Venezuela, Tribuna Popular.
Aqueles que avaliaram o resultado como uma derrota, empregam a mesma visão positivista, maniqueísta e desprovida de qualquer tipo de ciência que foi usada pela oposição venezuelana, ao dizer que "venceu" as eleições parlamentares do país em 2010.
Por isso, deve-se insistir em não se afastar das ferramentas teóricas necessárias que o materialismo dialético nos aporta para analisar a realidade.
Alguém se queixou das manchetes que resumiam a "derrota de Camila Vallejo". Não é de se estranhar que o jornalismo simplista exercido na maioria das mídias enfoque dessa forma a realidade.
O termo derrota será usado reiteradamente, sem êxito, para tratar de travar o que é irreversível: o grito do povo nas ruas pela mudança no Chile.
*Jornal do Partido Comunista da Venezuela