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Paul Krugman: Ainda fiscalizando

Dia muito agitado hoje, provavelmente só postarei mensagens mais tarde. Só achei que devia dar uma resposta à coluna de Martin Wolf de ontem, e em geral à situação do euro.

Por Paul Krugman*

Os mercados têm estado bastante esperançosos esta semana, em geral porque agora acreditam que o Banco Central Europeu (BCE) finalmente realizará grandes compras de títulos – como aliás deveria. Odeio pensar o que poderá acontecer se a cúpula de hoje lançar alguma dúvida sobre esta esperança.

Mas como Martin afirma, acabar com o pânico é apenas o primeiro passo. A zona do euro precisa de um plano de ajuste macroeconômico verossímil. E por enquanto não há nenhum em vista, em grande parte porque a Alemanha ainda está determinada a atribuir toda esta situação à irresponsabilidade fiscal. Evidentemente, quem vem observando os acontecimentos acha que isto está errado; no entanto, como diz Martin (ao expor os fatos):

A Alemanha está convencida de que o crime fiscal está na origem desta crise. E tem uma boa razão para acreditar nisto. Se aceitasse a verdade, teria de admitir que teve grande participação neste resultado infeliz.

A consequência desta fixação (psicológica) fiscal é que as medidas macroeconômicas agora disponíveis consistem de uma austeridade fiscal ainda maior nos países do sul da Europa, compensadas … por nada. É a receita de uma crise prolongada que acabará com todos os esforços de solução da crise.

E a inflação esperada na zona do euro ainda é muito menor, indicando que o processo de ajuste é impossível para nações que sofrem os efeitos de uma sobrevalorização cambial.

E isto não acabou.

*Paul Krugman, economista, é articulista do New York Times
. Texto extraído do Estadão.com