Sessão comemora 26 anos de tombamento do Terreiro da Casa Branca

Uma sessão especial na próxima sexta-feira (16/12), às 9h, na Câmara de Vereadores de Salvador marca as comemorações dos 26 anos de tombamento do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, conhecido como Terreiro da Casa Branca do Engenho Velho, um dos mais importantes e antigos centros de atividade religiosa de matriz africana da América Latina. Requerida pela vereadora Olívia Santana (PCdoB), a sessão pretende ainda debater as políticas de valorização dos terreiros de candomblé na capital baiana.

Localizado na Avenida Vasco da Gama, o terreiro da Casa Branca preserva tradições fundamentais para a religião de matriz afro-brasileira e constitui-se em símbolo da resistência cultural dos descendentes de africanos escravizados e de reforço à formação cultural do Brasil. O reconhecimento oficial do Ilê Axé Iyá Nassô Oká, ocorrido em 14 de agosto de 1986, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional – IPHAN, representou um marco na afirmação da cultura negra no país, uma vez que, até o período do tombamento, o estatuto era aplicado apenas a edificações religiosas militares e civis da tradição luso-brasileira.

O dirigente Nacional do PCdoB e ex-deputado federal, Haroldo Lima, tem uma participação muito importante no processo de tombamento da Casa Branca. Foi ele que quebrou a placa com a marca do posto de combustível Esso, que havia sido instalado nas terras sagradas do Terreiro, dando início ao movimento para desapropriação da área e reconhecimento da importância do espaço para a cultura baiana.

“A instalação do posto causou grande descontentamento às pessoas ligadas à Casa Branca, ma, naquele momento, ninguém pôde impedir isso. Como deputado federal, eu estava muito ligado ao pleito para salvaguardar o Terreiro como espaço de culto importante para a Bahia, o Brasil e a América do Sul. Foi então que durante uma comemoração, eu subi em uma mesa e com a ajuda de outras pessoas derrubei literalmente a marca da Esso. Depois articulamos para que o arquiteto Oscar Niemeyer projetasse a praça central do Terreiro, que existe até hoje”, lembra Haroldo Lima, que foi o escolhido para falar em nome do Terreiro na solenidade de inauguração da praça, que contou com a presença do então governador da Bahia Antonio Carlos Magalhães.

Sustentada pelos orixás Oxossi e Xangô, a Casa Branca foi primeira casa de candomblé aberta em Salvador e o primeiro templo religioso não católico a ser tombado como patrimônio do Brasil. Conhecida também como Sociedade São Jorge do Engenho Velho, foi fundada em um engenho de cana de açúcar e, em seguida, transferida para uma roça na Barroquinha. Com o crescimento do culto e, devido a uma migração da população para outras áreas da cidade, Iya Nassô, uma das negras africanas fundadoras do terreiro, arrendou terras do Engenho Velho do Rio Vermelho de Baixo. Atualmente, a Iyalorixá Altamira Cecília dos Santos, carinhosamente chamada de "Papai Oké", é a mãe de santo da casa.

De Salvador,
Eliane Costa com informações da Ascom da vereadora Olívia Santana