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"Romper a dissonância entre a voz dos mercados e a voz das ruas”

A presidente Dilma Rousseff recebeu nesta quinta-feira (15), da diretora executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, um relatório que propõe aos países a adoção de pisos de proteção social para estimular o crescimento econômico e a inclusão social.

Diante da ex-presidente chilena, Dilma defendeu que as nações desenvolvidas adotem o piso por estarem vivendo um momento “dramático” em função da crise econômica mundial.

“Hoje, vivemos um momento muito difícil no cenário internacional. A situação econômica dos países desenvolvidos é muito dramática e, de um certo ponto de vista, prejudicial para as suas populações. Estamos preocupados que os processos de ajuste não representem redução de direitos e perda de garantias”, disse Dilma, citando em seguida os altos índices de desemprego registrados por esses países, principalmente entre os jovens.

“O desemprego nos países avançados e a perspectiva de retrocesso nas políticas sociais colocam também, no centro do dia, o piso mínimo de proteção social. Hoje, estamos vendo processos de desemprego dramáticos que levam à perda de qualidade de vida e os governos precisam romper com a dissonância cada vez maior entre a voz dos mercados e a voz das ruas”, defendeu a presidente, explicando que os países devem adotar medidas que solucionem a crise, mas que também garantam que a população não sofra toda a sua magnitude.

Falando sobre a experiência brasileira, a presidente destacou: “Sabemos por experiência própria, desenvolvida a partir de 2003 aqui no Brasil, que investir em proteção social é um meio extremamente eficaz de lutar contra a pobreza, de reduzir as desigualdades, melhorar os padrões de vida, e de fomentar a coesão e estabilidade sociais”.

O conceito de piso de proteção social adotado pelas Nações Unidas corresponde a um conjunto integrado e coordenado de políticas de transferência de renda básica, combinadas com o acesso a serviços essenciais de saúde, educação, saneamento, emprego e habitação, entre outros.

Michelle Bachelet destacou, durante discurso, que o piso de proteção social ajuda a reduzir o impacto de crises econômicas sobre a população de baixa renda. “Não se trata somente de uma questão de respeito aos direitos humanos, é também uma necessidade econômica”. Ela explicou que não se trata de uma proposta uniforme, mas de um conceito que deve se ajustar às especificidades de cada país.

A diretora executiva da ONU Mulheres citou o Programa Bolsa Família, um dos analisados no relatório, como exemplo de política de transferência de renda. “O programa aumenta a dinâmica das economias locais, já que se gasta o dinheiro nos mercados locais, o que gera maior demanda de bens e serviços. Isso se traduz na criação de mais empregos", disse.

“Durante a preparação deste relatório, tivemos a oportunidade de comprovar como as políticas de proteção social evitaram o pior da crise econômica, principalmente entre os mais vulneráveis, sustentaram a demanda e impulsionaram a recuperação econômica no Brasil e em vários outros países emergentes”, disse Bachelet.

Ela destacou que 1,4 bilhão de pessoas vive, no mundo, em situação de extrema pobreza, 2,6 bilhões não têm acesso a saneamento e 884 milhões não dispõem de água potável.
Segundo Michelle Bachelet, a firme defesa da implementação do piso de proteção social na abertura da Assembleia Geral da ONU e na Cúpula do G20 em Cannes fez da presidente Dilma uma “grande embaixadora mundial da proteção social”.

O relatório Piso de Proteção Social para uma Globalização Equitativa e Inclusiva foi apresentado na Cúpula do G20, em Cannes. Hoje, a presidente Dilma Rousseff recebeu a versão em português do documento.

Com Ag. Brasil e Blog do Planalto