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Etanol: Governo dos EUA não renova barreiras e favorece o Brasil

Pressionado pela crise econômica, o Congresso estadunidense pôs fim nesta sexta-feira (23) a uma novela política de 31 anos ao sair de férias sem renovar as barreiras comerciais contra a entrada do álcool brasileiro nos EUA, que expiram no próximo dia 31.

Para a indústria, apesar dos gargalos na produção, trata-se do primeiro passo para criar um mercado global de etanol e transformar o produto em commodity.

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"O que ocorreu [nesta sexta] é a possibilidade de competição internacional, que não existia", disse ao jornal Folha de S. Paulo por telefone Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).

"É um sinal superimportante para que outros países sigam essa direção e comece a acontecer com os biocombustíveis o que vimos historicamente com o petróleo."

A lei estadunidense obriga quem vende gasolina a misturar pelo menos 10% de etanol de qualquer origem ao combustível para baixar seu teor poluente e dá um incentivo fiscal a quem o faz -hoje, de US$ 0,45 por galão de 3,78 litros (R$ 0,22 por litro) e que também expira no dia 31.

Paralelamente, porém, quem usa álcool brasileiro paga uma sobretaxa, o que torna o produto menos competitivo ante o etanol estadunidense, feito de milho. A tarifa, que vigora desde 1980, está em US$ 0,54 por galão (ou US$ 0,27 por litro).

Por 31 anos, a bancada ruralista ligada a Estados produtores de milho, como Iowa, dominou a negociação, independentemente de quem ocupasse a Casa Branca.

Embora o milho seja matéria-prima menos eficaz na produção de combustível, ele é produzido em larga escala no Meio-Oeste americano.

Mas a crise econômica, o impasse político criado diante do crescente déficit do governo federal americano e o intenso lobby da indústria sucroalcooleira brasileira mudaram a balança.

Justificar ao eleitor comum o gasto com subsídios ficou mais difícil para os deputados do que prestar contas aos produtores de milho — a Unica estima em US$ 45 bilhões os desembolsos aos produtores desde 1980.

Fonte: Folha de S. Paulo