Inácio Arruda – Ousadia para o Brasil crescer

Por * Inácio Arruda

A desaceleração do crescimento brasileiro foi o resultado de decisões políticas equivocadas da equipe econômica, adotadas no início do novo governo. O ano não foi perdido para os brasileiros: a renda média cresceu, a taxa de desemprego caiu – mas isso foi fruto da orientação adotada em 2009 e 2010 para enfrentar a crise. Quando a equipe econômica decidiu retomar a elevação das taxas de juros – taxas que nenhum outro país alcança –, ela optou pela contenção do crescimento, e a meta de 4% não foi alcançada.

A orientação econômica é o resultado de uma disputa política. A equipe econômica cedeu aos interesses da especulação financeira que alardearam o perigo da inflação, adotou o monetarismo ortodoxo, que prejudicou o País. O corte no orçamento, os sucessivos aumentos de juros, o fortalecimento do superávit primário, a par da contenção do crédito, tiveram resultados negativos. Agora é a hora de corrigir.

As economias dos países centrais do mundo capitalista estão em crise. Crise que abre oportunidade para uma inserção maior da produção brasileira. Mas não podemos ser meros fornecedores de matérias primas. Somos um país continental e devemos apostar na nossa capacidade produtiva. Precisamos sofisticar nosso parque industrial, não apenas visando o mercado externo, mas fortalecendo igualmente o nosso mercado interno, também ele merecedor de artigos e serviços qualificados.

É preciso produzir mais alimento, mais educação, mais saúde, mais ciência, mais tecnologia! Novo rumo vem sendo adotado pelo governo para enfrentar a crise. Mas a política econômica tem que abandonar, definitivamente, o receituário neoliberal de juros altos, câmbio flutuante que desfavorece o comércio externo brasileiro, e superávit primário destinado ao pagamento dos juros. O governo precisa ter coragem política para enfrentar a oligarquia financeira. O início do novo ano requer ousadia para garantir um crescimento num patamar mais elevado. Esta é a expectativa do povo brasileiro, que não admite retrocesso – na política e na economia.

* Inácio Arruda é Senador (PCdoB)

Fonte: O Povo