Murilo Celso de Campos: A luta pelo desenvolvimento
O péssimo resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do terceiro trimestre de 2011, divulgado em dezembro, pode ter sido um banho de água fria naqueles que torcem pela manutenção da expansão econômica nacional, apesar dos desafios internos e do fantasma da crise internacional.
Por Murilo Celso de Campos Pinheiro*
Publicado 10/01/2012 14:41
O crescimento zero do período reduziu as expectativas para o conjunto do ano de 3,8% para 3,2%. Obviamente distante dos 6% almejados – e propostos no projeto “Cresce Brasil + Engenharia + Desenvolvimento” –, o patamar de incremento não deve servir ao desânimo, mas ao esforço de obter melhores resultados em 2012.
Excetuando-se aqueles que lucram com a especulação e não têm qualquer compromisso com o País, é consenso a necessidade de o Brasil crescer, não para simplesmente figurar entre as maiores nações do mundo, mas para propiciar condições de vida digna a todos os seus 200 milhões de habitantes. Atingir tal meta exige que as providências adequadas sejam tomadas.
Como objetivo central, é preciso que o Brasil derrote o rentismo. A mobilização pela queda de juros, que já conta com adesão do movimento sindical, deve agregar de forma definitiva o setor produtivo e envolver a sociedade, que na sua maioria nada tem a ganhar com o privilégio dado ao setor financeiro.
Essencial também a manutenção da política de valorização do salário mínimo, que nos últimos anos tem sido o principal instrumento de distribuição de renda, funcionando como meio de fortalecer o mercado interno, além de valioso antídoto contra a crise em 2009.
Desafio mais complexo, mas que precisa ser encarado de frente caso o objetivo seja alcançar o desenvolvimento de fato, é a implantação de uma política industrial que ajude a impulsionar a área. País de dimensões continentais, enorme população e complexa teia social, o Brasil não poderá viver decentemente da exportação de commodities. Para dar o salto que se espera, é necessário não só fortalecer o setor mais avançado da economia, como investir fortemente em ciência, tecnologia e inovação, aproveitando as vocações e recursos disponíveis.
É mais que tempo de avançarmos nos segmentos da tecnologia da informação e da biotecnologia, que são a tônica deste século XXI. É preciso que haja projetos feitos por engenheiros brasileiros e equipamentos fabricados, e não apenas montados, internamente. É essa a única maneira de se fazer real transferência de tecnologia.
* é presidente do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo (Seesp)