Unidade nacional é passo prioritário, diz embaixador palestino
Depois de um ano em que conseguiu o apoio de vários países à criação de seu Estado, a Palestina se prepara para dar novos passos em 2012. Desta vez, o foco principal deve ser trabalhar em prol da unidade nacional, com a reconciliação dos grupos Fatah e Hamas. De acordo com o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, a divisão no país tem servido de pretexto para que Israel coloque em prática os seus objetivos expansionistas.
Publicado 18/01/2012 17:16
Em entrevista ao Vermelho, Zeben previu que este ano será agitado para os palestinos, que agirão em diversas frentes na busca pela criação do seu Estado. Além de prosseguirem com o processo de admissão na Organização das Nações Unidas (ONU), os palestinos irão solicitar o ingresso em outras agências ligadas à entidade. No ano passado, eles conseguiram o reconhecimento da Unesco.
Em outra trincheira, a ideia é consolidar a reaproximação entre os grupos Fatah e Hamas, buscando um governo de unidade nacional. "Estamos empenhados e decididos a restabelecer a unidade nacional sobre a base da renovação das estruturas da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que deve abranger todas as partes integrantes da luta palestina", disse o embaixador.
A OLP é a uma organização política que representa o povo palestino e hoje agrupa as principais facções, com exceção do Hamas e da Jihad Islâmica. O objetivo principal é, então, levar todas as forças para dentro da OLP e repactuar uma unidade nacional com todos os grupos.
"É um processo lento, porque depende também de coisas alheias à nossa vontade, há muitos aspectos externos que influenciam a situação palestina", avaliou Zeben, citando como exemplo de fatores que interferem na Palestina desde a crise mundial e as eleições nos Estados Unidos, até a relação dos norte-americanos com o Irã, a questão síria, as posições de Israel, da ONU e da Comissão Europeia.
Os grupos distintos buscam criar um clima de conciliação que viabilize a realização de eleições. Está marcada para maio a disputa para o Conselho Nacional Palestino – com 120 vagas – e a presidência da Autoridade Nacional Palestina. O pleito deveria ter ocorrido desde 2010, mas terminou sendo adiado devido à falta de entendimento.
"Nós estamos dando passos seguros e firmes nessa direção (unidade). Não abrimos mão disso como um passo fundamental para recuperarmos o direito do povo palestino. A divisão tem sido usada por Israel como pretexto nos seus objetivos expansionistas. E a paz naquela região depende da existência de um Estado palestino", afirmou o embaixador.
De acordo com ele, uma outra frente de luta é pela libertação dos presos políticos. Segundo Ibrahim há cerca de 6 mil palestinos detidos em Israel.
Questionado sobre as iniciativas brasileiras de apoio à causa palestina, o embaixador defendeu que a "solidariedade é um dos fatores mais importantes da luta palestina, porque legitima a luta do povo pela paz e por seus direitos inalienáveis".
Para ele, a Caravana de Solidariedade à Palestina – organizada pelo Comitê pelo Estado da Palestina Já e que pretende levar uma comitiva de brasileiros para conhecerem a situação nos territórios ocupados – tem uma importância singular.
"Eles poderão ver diretamente o sofrimento do povo palestino, a situação dramática gerada pela ocupação israelense e a negativa de Israel em cumprir com o direito internacional e se retirar dos territórios", afirmou.
Da Redação,
Joana Rozowykwiat