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Unidade nacional é passo prioritário, diz embaixador palestino

Depois de um ano em que conseguiu o apoio de vários países à criação de seu Estado, a Palestina se prepara para dar novos passos em 2012. Desta vez, o foco principal deve ser trabalhar em prol da unidade nacional, com a reconciliação dos grupos Fatah e Hamas. De acordo com o embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Al Zeben, a divisão no país tem servido de pretexto para que Israel coloque em prática os seus objetivos expansionistas.

Em entrevista ao Vermelho, Zeben previu que este ano será agitado para os palestinos, que agirão em diversas frentes na busca pela criação do seu Estado. Além de prosseguirem com o processo de admissão na Organização das Nações Unidas (ONU), os palestinos irão solicitar o ingresso em outras agências ligadas à entidade. No ano passado, eles conseguiram o reconhecimento da Unesco.

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Em outra trincheira, a ideia é consolidar a reaproximação entre os grupos Fatah e Hamas, buscando um governo de unidade nacional. "Estamos empenhados e decididos a restabelecer a unidade nacional sobre a base da renovação das estruturas da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que deve abranger todas as partes integrantes da luta palestina", disse o embaixador.

A OLP é a uma organização política que representa o povo palestino e hoje agrupa as principais facções, com exceção do Hamas e da Jihad Islâmica. O objetivo principal é, então, levar todas as forças para dentro da OLP e repactuar uma unidade nacional com todos os grupos.

"É um processo lento, porque depende também de coisas alheias à nossa vontade, há muitos aspectos externos que influenciam a situação palestina", avaliou Zeben, citando como exemplo de fatores que interferem na Palestina desde a crise mundial e as eleições nos Estados Unidos, até a relação dos norte-americanos com o Irã, a questão síria, as posições de Israel, da ONU e da Comissão Europeia.

Os grupos distintos buscam criar um clima de conciliação que viabilize a realização de eleições. Está marcada para maio a disputa para o Conselho Nacional Palestino – com 120 vagas – e a presidência da Autoridade Nacional Palestina. O pleito deveria ter ocorrido desde 2010, mas terminou sendo adiado devido à falta de entendimento.

"Nós estamos dando passos seguros e firmes nessa direção (unidade). Não abrimos mão disso como um passo fundamental para recuperarmos o direito do povo palestino. A divisão tem sido usada por Israel como pretexto nos seus objetivos expansionistas. E a paz naquela região depende da existência de um Estado palestino", afirmou o embaixador.

De acordo com ele, uma outra frente de luta é pela libertação dos presos políticos. Segundo Ibrahim há cerca de 6 mil palestinos detidos em Israel.

Questionado sobre as iniciativas brasileiras de apoio à causa palestina, o embaixador defendeu que a "solidariedade é um dos fatores mais importantes da luta palestina, porque legitima a luta do povo pela paz e por seus direitos inalienáveis".

Para ele, a Caravana de Solidariedade à Palestina – organizada pelo Comitê pelo Estado da Palestina Já e que pretende levar uma comitiva de brasileiros para conhecerem a situação nos territórios ocupados – tem uma importância singular.

"Eles poderão ver diretamente o sofrimento do povo palestino, a situação dramática gerada pela ocupação israelense e a negativa de Israel em cumprir com o direito internacional e se retirar dos territórios", afirmou.

Da Redação,
Joana Rozowykwiat