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Gingrich ameaça favoritismo de Romney na Carolina do Sul

A corrida pela candidatura presidencial republicana chega neste sábado (21) ao Estado de Carolina do Sul com incertezas alimentadas pelas reviravoltas ocorridas nesta semana no cenário eleitoral. A saída de Rick Perry da disputa e a anulação da vitória de Mitt Romney no caucus de Iowa indicam para uma possível ascensão do ex-presidente da Câmara dos Representantes Newt Gingrich, que tem ao seu favor um bom desempenho em debates.


Newt Gingrich, que diminuiu vantagem de Romney na Carolina do Sul,
fala contra o aborto em debate/ Foto: Chris Keane – Reuters

Há apenas alguns dias, tudo apontava que as primárias deste Estado sulista e de perfil conservador seriam um mar de rosas para Romney, que, até então, contava nas pesquisas com uma vantagem próxima a 20 pontos sobre seus oponentes. Mas, pesquisas divulgadas na sexta-feira (20) sobre as intenções de votos na Carolina do Sul, refletem um empate entre Romney, ex-governador de Massachusetts, e Gingrich.

A página de informação política RealClearPolitics, que elabora uma média diária das principais pesquisas, aponta que Gingrich tem 32,5% de apoio, contra 31,5% de Romney, com Santorum em terceiro lugar.

Romney realizou vários atos de campanha na área litorânea da Carolina do Sul, insistindo em sua mensagem de que é o candidato melhor preparado para enfrentar o democrata presidente Barack Obama nas eleições de novembro. Apesar da retórica, sua campanha não está tão otimista. Um de seus principais assessores, Stuart Stevens, disse à rede CNN que a ideia de uma derrota para Gingrich não seria forçada.

"Se eu penso que poderíamos perder a Carolina do Sul? Com certeza. Claro", disse Stevens após o debate realizado na quinta-feira (19) em Charleston. "A ideia de estarmos onde estamos dois dias antes da Carolina do Sul, tendo ganho (as primárias) de New Hampshire, e tendo ido muito bem (no caucus de) Iowa, a pergunta 'Romney pode perder na Carolina do Sul' é um absurdo."

"A ideia deveria ser se nós temos uma chance na Carolina do Sul", disse. Quando observado que até pouco tempo atrás Romney tinha uma vantagem de cerca de 10 pontos sobre Gingrich, Stevens balançou a cabeça. "Essas coisas sempre serão assim. Eu acho que é muito competitivo. É uma corrida de quatro vias. E toda a corrida é muito fluida."

A vitória de Romney no caucus de Iowa, votação que abriu a disputa republicana, foi anulada na quinta-feira (19). Segundo autoridades do partido, Rick Santorum ficou 34 votos a frente que o ex-governador de Massachusetts, mas, até o momento, ninguém será declarado vencedor, devido aos votos perdidos que não foram contados, tendo sido declarado um empate técnico.

Enquanto isso, Gingrich foi ganhando força, em parte por conta de um discurso bem sucedido em um debate televisionado na segunda-feira (16), e por ter recebido na quinta-feira (19) o apoio do governador do Texas, Rick Perry, que se retirou da disputa.

Porém, Gingrich pode ser prejudicado por conta de uma polêmica entrevista concedida à rede ABC por sua segunda ex-mulher, Marianne Gingrich, na qual ela garantiu que seu então marido lhe propôs um "casamento aberto" para poder manter uma relação com sua antiga amante e atual esposa, Calista.

Se para Gingrich pesa muito um passado marcado por infidelidades matrimoniais, Romney está sendo prejudicado por ter revelado, por conta da pressão de seus rivais, que paga 15% de imposto, um número abaixo da média dos americanos.

Além disso, segundo a ABC, o ex-governador, um dos pré-candidatos presidenciais mais ricos dos últimos tempos e cuja fortuna é calculada em US$ 250 milhões, tem vários investimentos milionários em fundos nas ilhas Cayman, um paraíso fiscal do Caribe.

Mas Romney tem apoios importantes. Essa semana, o governador da Virgínia endossou sua candidatura, bem como o republicano Robert McDonell. Ele também conta com o apoio do ex-embaixador na China John Hunstsman, que anunciou na segunda-feira (16) sua retirada da disputa pela nomeação republicana.

Enquanto isso, Gingrich tem o respaldo do Somos Republicanos, o principal grupo hispânico republicano do país, e a ex-candidata à vice-Presidência Sarah Palin, uma dos líderes do movimento ultraconservador Tea Party, também disse que se fosse residente da Carolina do Sul votaria nele.

Os outros dois candidatos em disputa, Santorum e o congressista de ideologia libertária Ron Paul, não têm opções de ganhar na Carolina do Sul, segundo as pesquisas.

No entanto, Santorum está reivindicando que ainda lhe resta muita campanha a ser feita, após conhecer-se que em Iowa teve mais votos que Romney e lembrou em discurso em Lexington que as surpresas são possíveis, visto que a disputa "se transformou nas últimas 24 horas".

Paul, por sua vez, continuava essa semana tentando ganhar adeptos para sua promessa de cortar despesas federais, embora seu radicalismo e propostas como a de reduzir ao mínimo o tamanho do governo sejam um empecilho para que seja levado em conta como candidato factível.

Fonte: Último Segundo