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Centrais e Fiesp se reúnem para discutir desindustrialização

Parte dos trabalhadores da indústria paulistana pode cruzar os braços por um dia, logo após o Carnaval, na última semana de fevereiro, em protesto contra a forte entrada de produtos manufaturados importados no país

Os industriais liderados pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) não devem se incomodar – pelo contrário, a greve geral deve contar com o apoio dos empresários. O comércio varejista também pode acompanhar. O arranjo dessa manifestação será fechado nesta quinta (26), em São Paulo, em duas reuniões entre empresários e sindicalistas.

Na primeira reunião, de manhã, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, discute os planos da greve geral na capital paulista com os presidentes de cinco centrais sindicais e pelo maior sindicato da capital, o Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

Em seguida, sindicalistas serão recebidos pelo empresário Abram Szajman, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio).

Os encontros vão envolver empresários e os líderes das centrais Força Sindical, CTB, UGT, NCST e CGTB. Os sindicalistas representam na capital 420 mil metalúrgicos, 480 mil comerciários, 35 mil prestadores de serviços em software e processamento de dados, 80 mil motoristas de ônibus, além dos trabalhadores nas indústrias têxtil e de confecções, entre outros.

Os industriais estão "inclinados" a apoiar a greve geral dos sindicalistas, segundo uma fonte ligada à Fiesp. O apoio, se confirmado, pode caracterizar um locaute. "Os importados estão reduzindo nosso ímpeto de contratações e mesmo reduzindo produção e, portanto, também resultando em demissões", diz o industrial.

O protesto será concentrado na avenida Paulista, onde os sindicalistas esperam concentrar os trabalhadores com cartazes anti-importações. "O salário mínimo sobe forte e impulsiona os salários no mercado de trabalho como um todo, mas esse gás no consumo tem sido crescentemente convertido no consumo de importados", afirma Miguel Torres, o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e Mogi das Cruzes.

Em novembro, o IBGE registrou queda de 0,1% sobre o mês anterior no emprego industrial. O pior resultado foi apurado em São Paulo, que registrou forte queda de 3,7% entre outubro e novembro – 15 dos 18 setores pesquisados pelo IBGE registraram corte de pessoal. De janeiro a novembro, a indústria aumentou a produção em apenas 0,4%, de acordo com o IBGE.

Com Valor Econômico