SP: Governo entrega casas com falhas e culpa "pessoal da favela"

Diretor da companhia habitacional paulista, em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, insinuou que os problemas detectados – que vão de vazamentos a rachaduras – são produto do "nível da educação" de "pessoal que veio da favela."

CDHU

Desde o ano passado reportagens têm mostrado problemas estruturais em moradias entregues pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) no interior paulista. As falhas são diversas e vão desde vazamentos e portas fora do tamanho até rachaduras nas paredes.

O procedimento normal, em tese, deveria ser a averiguação dos problemas, apuração das responsabilidades e, comprovados problemas na construção, a responsabilização da empresa contratada pelos reparos. Não parece pensar dessa forma o diretor da CDHU Milton Vieira de Souza Leite.

Ao jornal Folha de S. Paulo, um dos veículos que noticiou os problemas nas moradias, o diretor, em visita ao conjunto Paulo Gomes Romeu (Ribeirão Preto), insinuou que os supostos maus hábitos daqueles a quem chamou de "morador de favela" são as causas das falhas.

"A gente conhece o nível da educação… O pessoal veio da favela. Não está acostumado a viver em casa", apontou preconceituosamente Milton Vieira. "Você não consegue mudar a educação delas somente mudando de local", ensinou.

Como se as unidades habitacionais fossem um presente do governo para a população, o diretor alegou que "o benefício está sendo muito maior que o sacrifício."

No entanto, moradores do CDHU, como beneficiários que são de um programa habitacional – qualquer que seja o programa -, não estão recebendo caridade. As famílias pagam, em parcelas, por um direito previsto em lei: a moradia. E esta deveria ser digna, como a de qualquer família brasileira.

Fernando Borgonovi, com informações da Folha de S. Paulo