Líder da oposição tem requerimento barrado por governistas em CPI

O vereador comunista André Luiz, líder do bloco oposicionista na Câmara Municipal de Ribeirão Preto, solicitou oitivas de duas mulheres para esclarecer suposto esquema envolvendo a construção de casas populares na cidade.

A base governista que faz parte da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que investiga suposto esquema de desvio de casas populares em Ribeirão Preto negou ontem pedido do líder do bloco da oposição para que duas mulheres sejam ouvidas.

Datado de 21 de dezembro de 2011, o requerimento de André Luiz da Silva (PC do B), colocado em votação apenas ontem, foi negado antes mesmo de o vereador justificar a solicitação. O relator da CPI, Samuel Zanferdini (PMDB), posicionou-se contra até mesmo a André fazer uso da palavra, o que gerou mal-estar com o vereador Gilberto Abreu (PV).

"Você está negando a palavra ao vereador?", questionou Gilberto. "Estou. Qual o problema?", endureceu Zanferdini. "Aqui não é delegacia", enfatizou Gilberto, referindo-se à atuação profissional do peemedebista.

André disse considerar que as mulheres poderiam acrescentar às investigações. "Vou pedir para procurarem o Ministério Público, porque a CPI não tem interesse em ouvi-las. Na ânsia de blindar ‘A ou B’, a comissão perde a oportunidade de realizar uma apuração histórica. Eles tentam desqualificar ou intimidar depoentes ou então nem querem ouvi-los. É inexplicável a inércia e a má vontade", fuzilou André Luiz.

O presidente da CPI, Walter Gomes (PR), afirmou conhecer o caso de uma das mulheres, que teria tido problemas de reintegração. "Parece que ela não tinha dinheiro na época e a Cohab vendeu a casa para outra pessoa. Não houve dano financeiro", avaliou.

Zanferdini também argumentou: "Se formos ouvir todas as pessoas, a CPI demorará três anos e acabará em nada. Precisamos ter foco, crime de estelionato é com a polícia, temos que investigar o envolvimento de políticos ou pessoas ligadas a órgãos públicos", disse.

Notificação será aguardada

Como ainda não foi notificada pela Justiça sobre o indeferimento ao pedido de quebra de sigilos de Marta Mobiglia e Maria Rosa Lopes Ferreira, a CPI da Cohab aguardará a formalização para estudar outras vias de obtê-las. Os integrantes aprovaram ontem oitiva com um ex-diretor financeiro da Cohab – o ex-presidente Luiz Marcelo de Salles Roselino, que seria ouvido ontem, não foi localizado – e com outro corretor de imóveis supostamente envolvido no caso.

A comissão também se negou a ouvir novas denúncias recebidas por Walter Gomes e reiterou à Caixa Econômica Federal pedido de cópia de filmagem do sistema de segurança e à polícia, sobre outros boletins de ocorrência envolvendo Marta e Maria Rosa.

Fonte: jornaldacidade.com.br