Paquistão rejeita acusação da Otan de que apoia talibãs

"Não vamos interferir no Afeganistão e esperamos que todos os demais estados apoiem esse princípio", disse nesta quarta-feira (01) o porta-voz paquistanês do Ministério das Relações Exteriores, Abdul Basit.

O porta-voz lembrou que o "Paquistão sofreu muito por causa do longo conflito no Afeganistão". "Queremos um Afeganistão estável e pacífico", acrescentou. O relatório confidencial da Otan que critica o Paquistão foi publicado pela emissora britânica BBC e o jornal conservador britânico The Times.

O documento acusa os talibãs afegãos, os quais as forças internacionais tentam combater desde 2001, de estarem sendo "diretamente ajudados pelos serviços de segurança paquistaneses", segundo a BBC.

A Otan acredita que o Paquistão "conhece o paradeiro de importantes líderes talibãs", de acordo com essa versão. A divulgação coincidiu com a visita a Cabul, prevista para esta quarta-feira, da ministra das Relações Exteriores paquistanesa, Hina Rabbani Khar.

Os talibãs são da etnia pashtun, que está dividida pela fronteira demarcada pelos britânicos no final do século 19. Cerca de 10 milhões de pashtuns vivem no Afeganistão, onde representam a minoria, além de outros 20 milhões no Paquistão, onde continuam como grupo minoritáro frente outras as etnias como a punjabi.

O Paquistão sempre foi favorável a um governo de predomínio pashtun em Cabul, o que seria mais conveniente para seus interesses geoestratégicos.

Nos anos 1980, o Paquistão – com a ajuda financeira dos Estados Unidos – apoiou os mujahedins para combater a invasão soviética do Afeganistão. As facções islâmicas e a instabilidade política posteriores ao conflito favoreceram a criação do movimento talibã, que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001.

Fonte: Efe