Manuela inicia o bairro a bairro pelo extremo sul de Porto Alegre

Dando início a um projeto previsto para acontecer de janeiro até junho, a deputada Manuela d`Ávila esteve, neste sábado, em diversos bairros e comunidades do extremo sul de Porto Alegre. O projeto é chamado de "Bairro a bairro" e irá percorrer toda a capital gaúcha nos próximos meses. 

"Para que a política possa ser bem feita e atinja aqueles que mais precisam da intervenção do Estado, é preciso estar nas ruas, ouvir as pessoas, conhecer profundamente a realidade em que vivem e, a partir disso, trabalhar para mudar e transformar o que precisa ser transformado", disse Manuela.

A deputada esteve em diversas comunidades e ouviu relatos de diferentes problemas. A falta de ação e olhar específico do poder público ficou evidenciada em todos os locais. Algumas comunidades apresentam os mesmos problemas, que se repetem e se mantêm há muitos anos. "Hoje reforcei a minha ideia de que há muito o que fazer. Ver uma menina contar que a mãe enfrenta a água e o alagamento para poder trabalhar em todos os dias que chove, não pode passar em branco. É a dignidade das pessoas que está em jogo", relatou.

A história da menina que cursa o quinto ano no ensino fundamental, no loteamento Primavera, foi a mesma contada em todas as visitadas por Manuela. A falta de infraestrutura e abandono em que vivem as comunidades faz com que a cada chuva, casas sejam alagadas, o transporte impossibilitado e as ruas se confundam com os valões.

Juntos nesse projeto, PCdoB e PSB – "Bairro a bairro" – estarão em todos os sábados nas. O objetivo é fazer um levantamento de toda a cidade, apontando as principais necessidades e vulnerabilidades de todas as regiões. Acompanha a parlamentar uma comitiva que ajuda a mapear as demandas e faz os encaminhamentos necessários.

Primeiro bairro a bairro – a primeira edição do projeto começou com um café da manhã com uma produtora de alimentos orgânicos e que defende o fortalecimento e o incremento do turismo rural. A atividade seguinte foi na ONG Núcleo, no Chapéu do Sol, onde mais de 900 pessoas são atendidas por mês. No loteamento Clara Nunes, Manuela viu de perto o problema dos alagamentos, da falta de saneamento e ausência de transporte coletivo. Já no residencial Sol de Poa, o problema é a água, que chega através de caminhões Pipa. No Lami, na comunidade São Caetano, Manuela ouviu o problema da falta de clareza no limite com a cidade de Viamão e reclamam, ainda, da falta de atendimento médico. No bairro Ponta Grossa, comunidade Flores da Cunha, falta de saneamento e alagamentos são constantes. As atividades seguiram para o Túnel Verde e, a seguir, para o loteamento Primavera, que sofre com os mesmos problemas das outras comunidades. O dia encerrou com uma visita ao loteamento Nova Ipanema, onde as associações de bairro pedem a duplicação da Edgar Pires de Castro.

Ao visitar pelo menos oito locais e comunidades do extremo sul de Porto Alegre, Manuela reconheceu problemas comuns a todos: saneamento, saúde e transporte. Em todas as conversas, moradores e comerciantes apontaram esses três problemas como os mais graves.

Saneamento, saúde e transporte são as principais reivindicações

Saúde – Se há alguma emergência, os moradores das comunidades não tem a quem recorrer. Sem postos de saúde e com equipes de saúde da família (ESF) em número muito inferior ao mínimo para a garantia de um atendimento aos cidadãos, obter atendimento é uma luta. Para quem vive no Túnel Verde, por exemplo, o tempo para chegar ao posto de atendimento mais próximo – Restinga – é de 45 minutos. Isso, se o ônibus passar na hora em que ocorre a emergência. Apenas duas linhas fazem esse caminho. Sem atendimento médico, sem ESF, sem postos de saúde, a população acaba sofrendo e as consequências são graves.

Saneamento e alagamentos – Outro problema relatado em todos os locais pode ser visto facilmente. Valões mostram que não há saneamento nas ruas e residências. O resultado é a proliferação de mosquitos, a transmissão de doenças, a exposição de todos ao esgoto e, claro, o alagamento. Segundo relato de moradores, uma chuva com um pouco mais de intensidade, provoca o alagamento de casas. A água sobre rápido, não tem escoamento e, misturada ao esgoto, invade casas e ruas. Mais, as casas ficam à beira dos valões, que exalam um cheiro muito forte, especialmente em dias quentes.

Transporte – O terceiro item apontado pelos moradores da região é a ausência de transporte de qualidade e em quantidade mínima. Os horários são limitados e forçam os trabalhadores a caminhar longos trechos, esperar por ônibus durante muito tempo e ter de usar mais de um trecho para chegar ao seu destino. Isso quando não perdem o único ônibus que garante seu acesso ao centro da cidade. Em outros casos, os ônibus passam a cada 45 minutos. Há, ainda, relatos de algumas linhas cujo terminal é na Restinga e, por isso, os ônibus já chegam nas demais comunidades lotados.

Dignidade – todos os problemas apontados pelos moradores ferem a dignidade das pessoas. Ter de chegar ao trabalho com a roupa encharcada, com pés e calças cobertos de lama, atrasado; não ter como sair de casa porque a rua está tomada pelo esgoto ou, então, ter sua casa invadida pela lama e lixo por ausência de saneamento básico; sofrer com a falta de atendimento de saúde: tudo isso fere o princípio da dignidade humana. "É preciso resgatar as pessoas, valorizar o que cada uma pode dar. Isso se faz em cada região, em cada comunidade. Não se transforma uma cidade inteira da mesma forma, mas é preciso garantir a todos as condições de vida. E uma vida digna depende de reconhecermos as necessidades mais urgentes, garantir a solução de velhos problemas e trabalhar com a valorização das pessoa se suas comunidades", disse Manuela.

De Porto Alegre,
Flávia Lima Moreira