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 Mulheres egípcias marcham no Cairo e pedem fim da violência

Centenas de mulheres egípcias, inclusive mães, revindicaram neste domingo (05), perante o Parlamento, que a matança de jovens nos confrontos com a polícia tenha fim. Os manifestantes seguem protestando nas imediações do Ministério do Interior no Cairo.

Com o lema "Detenham a matança de nossos filhos", a denominada Marcha das Mães foi organizada para tentar frear o derramamento de sangue no país, acentuado depois da morte de 74 torcedores de futebol na última quarta-feira (01) durante confrontos em um estádio de Port Said.

De acordo com o Ministério de Saúde, até o último sábado (04) à noite, 12 pessoas, em sua maioria jovens, perderam a vida pela repressão policial a protestos no Cairo e Suez. As manifestações na cidade começaram na última quinta-feira (02).

Assim como os torcedores das equipes de futebol Al-Ahly e Zamalek, as mulheres também responsabilizaram as forças de segurança e o CSFA (Conselho Supremo das Forças Armadas) de ter permitido com sua inoperância a violência no estádio, causando dezenas de mortes.

Enquanto isso, centenas de ativistas e membros de movimentos políticos revolucionários continuaram exigindo ao CSFA na praça Tahrir a transferência imediata do poder a uma autoridade civil e a antecipação do calendário para as eleições presidenciais.

Simultaneamente às reivindicações na emblemática praça da cidade, intensificaram-se neste domingo em ruas adjacentes os enfrentamentos entre jovens (torcedores do Al-Ahly, do Zamalek e também revolucionários) e forças de segurança em imediações do Ministério do Interior.

O lançamento de bombas de gás lacrimogêneo e de pedras foi o sinal visível do fracasso da mediação de diferentes setores para deter a violência, que também teve saldo de cerca de dois mil feridos em diferentes graus de gravidade nos últimos quatro dias.

Enquanto o CSFA apelou às diferentes forças políticas para conter a atual crise, o Conselho Consultivo que assessora a Junta Militar recomendou iniciar no dia 23 de fevereiro os preparativos para as eleições presidenciais, até agora programadas para junho.

A sugestão do organismo civil foi interpretada como uma resposta para aplacar as jornadas de violência e críticas contra os generais do CSFA, o silenciado governo do premiê Kamal Al-Ganzouri e a polícia, depois dos acontecimentos de Port Said.

Segundo a proposta, as indicações formais para a presidência devem começar no dia 23, dois meses antes do 15 de abril sugerido pelo governo, para que a votação seja nesse último mês.

O candidato à presidência e ex-secretário geral da Liga Árabe, Amr Moussa, também sugeriu nesta sábado que as eleições sejam realizadas em abril para poder acelerar a transição democrática, levando em conta os últimos acontecimentos no país.

Os membros do conselho assessor também defenderam destituir os chefes da polícia unidos ao antigo governo do ex-presidente Hosni Mubarak, reestruturar o criticado Ministério do Interior e levar perante os tribunais os militares responsáveis pela matança em Port Said.

Fonte: Prensa Latina