Sem categoria

The American way of life: a doutrina dos assassinatos seletivos

Ao defender no programa Manhattan Conection o assassinato de cientistas iranianos como um meio válido de fazer política o “jornalista” Caio Blinder, apoiado pelo imbecil conhecido como Diogo Mainardi, dá as mãos ao fundamentalismo e a intolerância, independentemente da natureza religiosa ou ideológica a afirmação abre um precedente muito perigoso no Brasil que não pode ser tolerado. 

Pedro Benedito Maciel Neto*

Essa afirmação é reflexo de uma visão bárbara e do declínio da ideologia e do modo de vida proposto pelos EUA pós 2ª. Guerra mundial.

Esses dois senhores parece que não perceberam que vivemos num outro mundo, um mundo que busca a compreensão, o respeito e a tolerância das diferenças nas relações entre nações, corporações e pessoas e essa posição dos senhores Blinder e Mainardi vão na contramão disso.

Como é possível jornalistas, que presumivelmente tem formação humanista, assumam a defesa explícita da prática de assassinatos como meio válido de fazer política? Mas isso foi feito abertamente, no dia 15.01.2012, por Diogo Mainardi e Caio Blinder.

Caio Blinder afirmou que os cientistas que trabalham no programa nuclear iraniano são empregados de um “estado terrorista”, que “viola as resoluções da ONU” e que por isso o seu assassinato não constituiria um ato terrorista, mas sim um ato legítimo de defesa contra o terrorismo. Trata-se, é óbvio, de uma lógica bárbara, primária e rudimentar, com a qual o imbecil do Mainardi concordou integralmente.

Estariam os citados senhores defendendo também o assassinato daqueles que ordenaram e realizaram a invasão ao Iraque sem autorização da ONU? Vale relembrar que antes do início da guerra no Iraque, em março de 2003, EUA e Grã-Bretanha tentavam convencer o mundo de que seu objetivo era eliminar as armas de destruição em massa.

A invasão ocorreu sem autorização das Nações Unidas e Tony Blair, Primeiro Ministro na época da invasão, fez recentemente comentários que sugerem que o objetivo principal da operação era o de depor Saddam Hussein, que vergonha para a humanidade… E não me lembro de criticas dos jornalistas a essas atitudes.

O mais sério é que os comentários de Blair colocam dúvidas sobre a existência de armas de destruição em massa, especialmente considerando que após centenas de inspeções não foram encontradas armas e a evidência principal havia caído por terra, essa convicção teria como base a falta de uma posição crítica.

Também não se ouve dos dois imbecis criticas ao fato de o Estado de Israel é liderança mundial quando se trata em violar as resoluções da ONU, e que é acusado de prática de terrorismo pela imensa maioria dos países-membros da entidade.

Será que Caio Blinder defende também o assassinato de cientistas que trabalham no programa nuclear israelense? O programa nuclear israelense não é oficializado, jamais reconhecido, mas amplamente conhecido e documentado pela imprensa séria.

Esse fato nos remete ao um artigo do Professor Reginaldo Mattar Nasser, que é professor de Relações Internacionais da PUC (SP) e Programa de Pós-Graduação San Tiago Dantas (Unesp, Unicamp e Puc-SP) que nos denuncia uma nova doutrina dos EUA e de Israel que prega que é necessário matar preventivamente os inimigos.

Segundo essa “nova doutrina” são necessários os assassinatos seletivos como “única maneira de evitar um ataque iminente e sobre isso que Blinder fala, é essa doutrina que ele defende. Blinder tornou-se e prestou-se a ser o porta-voz brasileiro dos fundamentalistas norte-americanos.

E o faz de má-fé, faz como militante da direta, pois Blinder, que é uma pessoa bem informada, sabe que além da quantidade e qualidade de urânio ou plutônio, necessária a produção de armas nucleares também requer os meios para levá-las ao seu destino (mísseis e ogivas) e que é um projeto que envolve grande quantidade de cientistas, engenheiros e operadores, meios que o Irã não dispõe.

*Pedro Benedito Maciel Neto, advogado e professor universitário, sócio da MACIEL NETO ADVOCACIA e autor de “Reflexões sobre o estudo do direito”, Ed. Komedi (2007).