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Tribunais começam a julgar compra de jogos no futebol

Os jogos comprados começam a virar o problema número 1 do futebol mundial. Em Istambul, na terça-feira (14), será realizado o primeiro tribunal em relação à esse tipo de problema. São mais de 93 pessoas acusadas, entre elas o presidente do clube turco de futebol Fenerbahce, Aziz Yildirim, que pode pegar até 132 anos de prisão.

A responsabilidade penal sobre jogos comprados poderá ser instituida na Rússia. O pacote de leis já está sendo preparado pelo grupo de representantes do Ministério do Esporte e Turismo e pelos deputados da Duma, o parlamento do país.

A atualidade dos jogos comprados é confirmada pelo BlackBook Eastern Europe – O Livro negro da Europa Oriental, um livro lançado pelo Sindicato Internacional dos Jogadores de Futebol (FIFPro). A pesquisa foi realizada no Cazaquistão e em mais 11 países europeus, inclusive na Rússia e na Polônia e Ucrânia, países sede do Campeonato Europeu de Futebol (Euro-2012). A pesquisa entre 3,5 mil jogadores mostrou que, dentro das primeiras divisões, em 12% dos jogos tiveram tentativas de influenciar o resultado do jogo. Os países líderes no quesito de jogos comprados são o Cazaquistão, a Grécia e a Bulgária.

Neste levantamento, a Rússia ficou em quarto lugar. Mais de 10% dos jogadores admitiram que eles foram "convidados" a participar das maracutaias, mais da metade declarou saber da existencia de jogos como este na sua divisão.

Os jogadores, por si mesmos, raramente têm esse tipo de iniciativa, casos como estes ocorrem somente quando os salários dos jogadores atrasam, diz o presidente do Sindicato dos Jogaders e Técnicos da Rússia, Vladímir Leontchenko.

"O principal motivo dos jogos comprados é a garantia do resultado necessário pela direção do clube, com a finalidade de lucrar através das apostas ou qualquer outra forma de ganho".

É quase impossível provar que um jogo foi comprado sem a declaração oficial de um dos participantes do acordo. Por isso, o Conselho para os Jogos Comprados, criado pela União do Futebol da Rússia, resolveu anistiar os culpados de organizar jogos duvidosos, caso os últimos, voluntariamente, decidirem dar depoimento. Os organizadores das maracutaias deverão ser julgados da maneira mais severa, diz o especialista Andrei Malíguin.

"Os jogos comprados desmantelam a própria essência do esporte, pois ele é amado pelas pessoas exatamente pela imprevisibilidade, intriga e esperança. Com os jogos comprados, cada encontro vai por um cenário planejado por pessoas que querem lucrar com o resultado. Ou seja, isto é crime e deve ser duramente combatido".

Hoje, a Federação Internacional das Associações de Futebol (FIFA) está investigando a informação sobre os jogos comprados da seleção da África do Sul. De acordo com a imprensa local, os resultatos dos quatro jogos com a participação do Bafana-Bafana, em maio de 2010, foram pré-determinados. Sob suspeita estão os jogos contra a Bulgária (1 a 1), Tailândia (4 a 0), Colômbia (2 a 1) e Guatemala (5 a 0).

O Brasil já teve um exemplo de compra de jogos, quando no campeonato brasileiro de futebol da Série A, de 2005, estourou um escândalo que envolveu vários juízes e casas de apostas. O esquema utilizava árbitros, que produziam resultados a pedido dos envolvidos com as casas de apostas. Além do Campeonato Brasileiro de futebol, jogos da Copa Libertadores da América, Copa Sul-Americana e Campeonato Paulista de futebol, todos da edição 2005, também foram corrompidos.

Figura central do escândalo da Máfia do Apito, foi acusado de receber entre dez e quinze mil reais fixos por jogo, fato que levou a Confederação Brasileira de Futebol a anular onze partidas por ele apitadas, e a determinar que essas partidas fossem novamente realizadas, já que ele fazia jogo duplo, acertando com outros apostadores vários resultados para a mesma partida.

Edílson Pereira de Carvalho foi suspenso em 24 de setembro de 2005, e posteriormente banido do futebol. Também foi acusado de fraude, conspiração e crimes contra a economia. Em sua defesa alega que só chegou a tal atitude em razão de não ter como honrar uma dívida que possuía no valor de quarenta mil reais.

Descobriu-se a participação de um segundo árbitro no esquema, Paulo José Danelon. Ambos, Paulo José e Edilson, foram banidos do futebol e, depois, denunciados pelo Ministério Público por estelionato, formação de quadrilha e falsidade ideológica.

A ação penal foi suspensa em 2007 por ordem do Desembargador Fernando Miranda, do Tribunal de Justiça de São Paulo. Em agosto de 2009, o mesmo Desembargador e outros dois colegas determinaram o "trancamento" da ação penal, entendendo que os fatos apurados não traduziam crime de estelionato.

A decisão encerrou, assim, na área criminal, a investigação sobre a quadrilha. Existe uma ação civil proposta pelo Ministério Público, na área do consumidor, com tramitação em uma vara cível de São Paulo, ainda sem julgamento definido.

Com informações da Voz da Rússia