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Irã retomará diálogo sobre programa nuclear

O Irã aceitou nesta quarta-feira (15) a proposta da União Europeia para a retomada das negociações sobre o programa nuclear do país com o grupo conhecido como 5+1, que inclui os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança (EUA, Reino Unido, França, Rússia e China) e a própria ONU.

O anúncio feito por Saeed Jalili, negociador-chefe e secretário do Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã, ocorreu no mesmo dia em que a TV estatal iraniana afirmou que o país cortaria o fornecimento de petróleo para seis países europeus (Holanda, Portugal, Grécia, França, Itália e Espanha). A notícia foi negada na sequência pelo governo iraniano, mas gerou preocupação e levou ao aumento do preço do barril do petróleo no mercado internacional.

Em um comunicado enviado à embaixadora da UE, Catherine Ashton, Jalili disse que "a volta das negociações é a melhor maneira de ampliar a cooperação", e pediu uma “atitude positiva” de ambas as partes. Ele reiterou no documento que o programa de enriquecimento de urânio do Irã tem fins pacíficos, apesar das suspeitas da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica). Jalili enalteceu o fato de Ashton ter reconhecido que o país tem direito a um programa nuclear pacífico.

DE qualquer forma, o governo iraniano alertou a União Europeia que pode encontrar rapidamente novos compradores para seu petróleo, caso o grupo aplique as sanções aprovadas por seus países membros em janeiro.

Primeira vez

Também nesta quarta-feira, o presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, colocou a primeira placa de combustível nuclear de fabricação nacional no reator de pesquisa de uso médico de Teerã, informou a agência oficial de notícias iraniana, Irna.

Segundo a agência, tanto a placa de urânio enriquecido a 20% quanto o próprio reator de Teerã foram produzidos em processo sob observação da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), em cumprimento do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, do qual o Irã é signatário.

A colocação da placa de fabricação iraniana foi "bem-sucedida" e o reator de Teerã funcionou com normalidade, após ter sido submetido a todas as provas de segurança necessárias, segundo as autoridades locais. A colocação da placa nuclear completa o ciclo de pesquisa, produção e utilização da energia nuclear no Irã.

Tensão

O Irã se encontra no meio de uma tempestade política internacional já que diversos países, com os Estados Unidos na liderança, acusam que seu programa nuclear tem fins militares para fabricar bombas atômicas, o que Teerã nega taxativamente e assegura que é exclusivamente civil e pacífico.

Nos últimos meses, Washington e Tel Aviv ameaçaram Teerã com ataques militares para frear seu desenvolvimento nuclear, enquanto que os EUA e a União Europeia ampliavam suas sanções econômicas ao Irã, especialmente nos campos petroleiro e financeiro.

Em 1º de fevereiro, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Ali Akbar Salehi, reiterou a disposição de Teerã de reiniciar as negociações sobre seu programa nuclear com o 5+1, um dia depois de uma missão da Agência Internacional de Energia Atômica finalizar uma visita de três dias ao país.

As duas rodadas anteriores de encontros entre Irã e o 5+1, que aconteceram em dezembro de 2010 e janeiro de 2011, em Genebra e Istambul, terminaram sem acordos.

Em outubro do ano passado, a chefe da diplomacia europeia convidou o negociador-chefe do programa nuclear iraniano a uma nova negociação. O chefe da missão da AIEA que visitou Teerã, o diretor adjunto do organismo, Herman Naeckerts, contou que as autoridades iranianas disseram estar dispostas a resolver todas as dúvidas e suspeitas sobre a possível natureza militar do programa nuclear do país.

Fonte: Opera Mundi