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Juri decide nesta quinta se réu é culpado pela morte de Eloá

Após quatro dias de julgamento, os jurados estão reunidos para decidir se o réu Lindemberg Alves, acusado de matar sua ex-namorada Eloá Pimentel,  depois de mantê-la por mais de 100 horas em cárcere privado, é culpado ou inocente por esse e outros 11 crimes. Antes do recesso do almoço, a advogada de defesa afirmou que não pedirá absolvição de seu cliente.

"Enxerguem esse rapaz como um parente dos senhores, pois ele não é bandido", pediu Ana Lúcia Assad aos jurados. "Não vou pedir a absolvição dele. Ele errou, tomou as decisões erradas e deve pagar por isso, mas na medida do que ele efetivamente fez.", argumentou ela. 

Em sua defesa, pediu aos jurados que seu cliente seja condenado por homicídio culposo – quando não há intenção de matar: "Peço que os senhores condenem o Lindemberg pelo homicídio culposo, pois ele não desejou o resultado. Ele sofre pela morte dela".

Eloá foi feita refém por cerca de cem horas em outubro de 2008 em sua casa, em Santo André, no ABC paulista. Outros três amigos estavam no apartamento, reunidos para fazer um trabalho de escola. Iago Oliveira e Victor Lopes de Campos foram libertados no primeiro dia de cárcere. Nayara Rodrigues, que foi também liberada, retornou ao cativeiro para ajudar na negociação.

A ação terminou no quarto dia, quando policiais militares do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais), que negociavam a liberação das reféns, invadiram o apartamento. Eloá foi baleada e morreu; Nayara foi baleada e se recuperou; e Lindemberg, sem ferimentos, está preso desde então.

O júri é composto por seis homens e uma mulher. Todos eles devem responder a um questionário com 49 perguntas. Eles não podem conversar nem debater os temas entre si. Após o parecer de todos, a sentença será lida pela juíza Milena Dias.

Depoimento de Lindemberg

Durante seu depoimento na quarta-feira (15), que durou cinco horas, o réu confessou que atirou contra a namorada Eloá Pimentel, 15, por achar que ela tentaria desarmá-lo, como já havia feito em outras vezes durante as mais de cem horas em que a manteve em cárcere privado.

Segundo relato do ex-namorado, que estava inconformado com o fim do relacionamento, quando houve a explosão provocada pela polícia no momento da invasão, Eloá se levantou do sofá. "Sem pensar, atirei", disse. Ele também contou que tem dúvidas se atirou em Nayara Rodrigues, amiga de Eloá, que se encontrava no apartamento.

"Infelizmente, eu atirei nela. Parecia que ela poderia vir pra cima de mim. Foi tudo muito rápido", afirmou o réu com a voz embargada. Ele não soube dizer quantos tiros disparou, mas afirmou que só se lembra de estar no chão, sendo agredido pela PM.

Lindemberg foi questionado sobre a veracidade de sua versão do fato e declarou: "Eu estou pagando pelo que fiz. Vários advogados me procuraram dizendo que tinham artifícios para eu negar a autoria e eu nunca fiz isso. Estou com a consciência tranquila de que estou falando a verdade."

Ele aproveitou a presença da mãe de Eloá, Ana Cristina Pimentel, que acenou a cabeça negativamente ao ouvi-lo. "Eu queria aproveitar e pedir desculpas publicamente à dona Tina por tudo que aconteceu", afirmou o rapaz.

O acusado declarou que ainda "ama" Eloá e relatou alguns momentos do cativeiro: ouviam música, conversavam bastante e Eloá chegou fazer um pavê. "Dá ate vergonha de falar isso, mas às vezes a impressão é de que não passava de uma brincadeira", disse.

com agências