Mangueira faz a maior parada de bateria da história do carnaval
Em 2007, ritmistas da Mocidade congelaram na Avenida durante 15 segundos. Em 2011 esse recorde foi quebrado pela Mangueira, a bateria do mestre Aílton fez uma paradinha de 21 segundos. Agora, em 2012, a própria Mangueira quebra o seu recorde e faz a maior parada de bateria da história do sambódromo, congelando a bateria por quase dois minutos.
Publicado 21/02/2012 16:59
A Estação Primeira de Mangueira entrou na Sapucaí na madrugada desta terça-feira (21) para marcar o Carnaval carioca. A escola fez grandes paradas da bateria, trouxe convidados para puxar o samba-enredo e fez o público delirar com sua celebração ao Carnaval de rua carioca. Com o enredo "Vou festejar! Sou Cacique, sou Mangueira", a escola saudou o Cacique de Ramos e fez o público cantar do começo ao fim.
Para homenagear o bloco em grande estilo, a Mangueira fez grandes inovações no seu desfile, sobretudo na bateria. Por cerca de dois minutos, os ritmistas pararam de tocar para ouvir o público cantar seu samba. No meio da bateria, Dudu Nobre, Alcione e o grupo Fundo de Quintal fizeram uma roda de samba, cantaram o enredo e fizeram o público delirar com a passagem no sambódromo.
Antes de entrar no recuo, a bateria ainda inovou novamente. Os ritmistas abriram espaço para a passagem do casal de mestre-sala e porta-bandeira. Atrás do casal, o tripé que trazia a roda de samba também atravessou os músicos, que faziam coreografias em reverência aos cantores. Durante a performance, a bateria parou de tocar novamente e o samba foi tocado em ritmo de pagode, sacudindo mais uma vez o público.
Problemas
Apesar de levantar o público, o desfile grandioso da Mangueira também teve problemas. Pelo tamanho de suas alas, 50 no total, a escola precisou acelerar o passo para cumprir o tempo estabelecido para o desfile. Algumas alegorias também tiveram problemas na passagem pela avenida, como um princípio de incêndio no carro abre-alas. O carro de som também apresentou falhas.
Mas a escola conseguiu superar os problemas e encantou o público com as novidades. As surpresas do desfile começaram na comissão de frente. No centro de uma roda de candomblé, os sambistas Beth Carvalho e Jorge Aragão acompanhavam a evolução dos dançarinos. Representando os orixás, os integrantes dançavam numa plataforma que lembrava o terreiro onde o bloco Cacique de Ramos foi criado, com uma grande árvore ao fundo. Durante o desfile, os orixás desciam da plataforma para interagir com o público, emitindo sons.
O abre-alas, que chegou a ter um princípio de incêndio na concentração, desfilou normalmente. A alegoria trazia um grande surdo sendo tocado por um índio, símbolo do bloco. Em cima do instrumento, um passista fazia acrobacias com o pandeiro. Ao fundo do carro, a escola construiu uma réplica do Palácio do Samba, que será a nova sede da agremiação.
Polêmica
Pelo menos quatro vezes, na frente das cabines de jurados, a bateria parou e o som da passarela caiu por quase dois minutos, deixando o samba sustentado nas vozes dos componentes.
O problema é que nem sempre a arquibancada acompanhou. Quem estava diante de outros setores da escola também não ouvia, nem entendia. A maioria suspeitava de uma falha do som da Sapucaí e tentava incentivar a escola com aplausos, mas a longa parada desanimava.
Integrante da comissão de frente, Beth Carvalho chegou a esboçar um semblante de preocupação, olhando para as caixas de som. No abre-alas, o destaque Serginho do Pandeiro chegou a se ajoelhar e tocar os ouvidos com as mãos, como se pedisse pelo canto do público.
Inovação
De fato, a primeira parada cortou totalmente o som, com a desconexão de um cabo entre o carro de som dos pagodeiros e a bateria, admitiu Meirelles. Mas ele acredita que, embora arriscada, a inovação funcionou e não vai prejudicar a escola em quesitos como harmonia e evolução. "As baterias estão cada vez mais parecidas.
A cada ano é preciso arriscar mais para se diferenciar. Eu sou um presidente que vim da bateria, sabia que era possível", afirmou. "No início o público achou que era pane de som. Depois o público entendeu e veio a catarse. Quando escutaram o samba, virou festa", afirmou. De qualquer forma, a bateria se mostrou afiada com seu característico surdo e o toque contínuo das caixas que dá à Mangueira um toque único.
De acordo com Ivo, inicialmente a parada-show só ocorreria no início do desfile. Foi no segundo recuo da bateria que ele decidiu continuar com o efeito. "A bateria da Mangueira está pronta para tudo", concordou Alcione. Dudu Nobre revelou que o grupo ensaiou durante as madrugadas para garantir o segredo.
Da redação, com agências