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Correa perdoa dirigentes de jornal condenados por injúria

O presidente do Equador, Rafael Correa, anunciou nesta segunda-feira (27) o perdão a dois dirigentes do jornal El Universo e a um ex-editor do mesmo veículo – condenados pela Justiça equatoriana por injúria e calúnia contra Correa. 

Em discurso de quase meia hora, o presidente defendeu mudanças na estrutura da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), com sede em Washington, nos Estados Unidos, e condenou a atuação da imprensa, a qual chamou de “abusiva”.

“Decidi perdoar [os dirigentes e o jornalista] e conceder a remissão das condenações”, anunciou o presidente no discurso, acompanhado por uma plateia formada de políticos, embaixadores e integrantes de organizações não governamentais. “Qualquer Poder [Executivo, Legislativo e Judiciário] é capaz de atentar contra os direitos humanos, inclusive os meios de comunicação”, disse ele.

No começo deste mês, os diretores do jornal El Universo Carlos Nicolás e César Pérez e o jornalista Emilio Palacio, da editoria Opinião, foram condenados pela Justiça equatoriana a três anos de prisão e ao pagamento de 40 milhões de dólares por injúrias e calúnias contra Correa, em um editorial publicado há cerca de um ano.

A decisão da Justiça causou reações internas e externas. A CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos), por meio de medidas cautelares, solicitou a suspensão de forma imediata dos efeitos da sentença contra os diretores do jornal El Universo e do ex-editor de Opinião.

A associação RSF (Repórteres sem Fronteiras), com sede em Paris, classificou a decisão da Justiça contra os jornalistas de um "revés catastrófico". A organização não governamental equatoriana Fundamedios disse que a decisão judicial foi "contrária à liberdade de expressão".

Para Correa, a imprensa tem assumido um papel “abusivo” e influenciado pelo que chamou de “meios hegemônicos externos”. Segundo ele, as ações judiciais atenderam aos três objetivos que tinha: demonstrar que o jornal El Universo mentiu, mostrar que os envolvidos tinham metas específicas e fazer com que os cidadãos equatorianos superem os medos em relação à imprensa.

“Vencemos nas três instâncias da Justiça porque tínhamos razão”, disse o presidente. “A imprensa abusiva foi vencida. Essa imprensa se converteu em um ator político beligerante. Temos de lutar por uma verdadeira comunicação social, na qual a liberdade de imprensa é direito de todos e não apenas de uma oligarquia.”

Fonte: Agência Brasil