Brasil no Iraque: o jogo mundial da acumulação por despossessão
Ánuar Nahes chega hoje a Bagdá como novo embaixador do Brasil no Iraque. O cargo estava vago deste a primeira Guerra do Golfo em 1991. O projeto do governo brasileiro é garantir a parcela de lucros das empresas brasileiras na “reconstrução” do Iraque. O custo com a nova embaixada será altíssimo, mas o governo afirma que os lucros gerados pelos contratos das empresas brasileiras mais que compensará os custos.
Por Tomas Rotta, em seu blog Marx 21
Publicado 01/03/2012 13:51
O que o Brasil quer é, sem dúvida, abocanhar o seu quinhão nesta lucrativa acumulação primitiva em um país recentemente destruído pela guerra. constitui um exemplo excelente, e trágico, do que David Harvey chamou de “acumulação por despossessão”. Marca, portanto, a entrada do Brasil no jogo mundial da acumulação primitiva no século XXI.
No blog de Marcelo Ninio da Folha de S.Paulo, lê-se hoje que:
Qual sería então a razão da nova embaixada e dos gastos com a segurança da mesma?
O termo acumulação por despossessão (acumulation by dispossession) foi cunhado por David Havey com o intuito de mostrar que o processo de acumulação primitiva não ficou restrito aos primórdios do capitalismo. A noção de “primitivo” dada por Marx ao conceito faz-nos pensar que a acumulação primitiva seria restrita historicamente a uma fase que antecede o capitalismo. Harvey tenta mostrar exatamente o contrário: que “primitivo” significa fundamental, que está sempre presente. A acumulação primitiva não é um evento do passado, senão do contínuo presente, do nosso dia a dia.
A ocupação do Iraque e a subsequente entrada de empresas privadas é um grande exemplo. Por força, abrem-se novos espaços à expansão do capital. A população iraquiana estará sujeita agora à extração de mais-valor, devidamente realizada por empresas brasileiras. O que fizeram com as Américas na época da colonização, se repete hoje por parte da própria ex-colônia. Depois que sabermos muito bem o que causa uma invasão externa e repentina colonização, partimos no mesmo rumo, mas agora no século 21.
Fonte: Marx 21