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Justiça argentina pedirá a Interpol prisão de ex-repressor

A Justiça argentina vai solicitar à Interpol a detenção do ex-repressor argentino Claudio Vallejos, preso em Santa Catarina desde 4 de janeiro sob a acusação de estelionato. O argentino reside no Brasil há anos e declarou a jornalistas brasileiros e em depoimento a diplomatas suecos, em 1986, que atuou na Escola de Mecânica da Armada (ESMA) em março de 1976 quando, segundo seu relato, o ex-capitão da Marinha, Alfredo Astiz, assassinou o pianista brasileiro Francisco Tenório Cerqueira Junior.

 O músico continua desaparecido até hoje e foi sequestrado quando se encontrava em uma turnê em Buenos Aires no grupo do poeta, compositor e ex-diplomata Vinicius de Moraes.

Vallejos afirmou também ter participado de “grupos de tarefa”, bandos que sequestraram, torturaram e assassinaram milhares de pessoas entre 1976 e 1979. Segundo seu próprio depoimento, sua base de operações era a famigerada ESMA, centro de repressão clandestino durante a ditadura, onde foram “desaparecidos” e assassinados cerca de 5 mil militantes.

Com sua prisão no Brasil, os juízes responsáveis pela causa ESMA querem iniciar um processo de extradição de Vallejos para a Argentina. O ex-repressor argentino já foi transferido do presídio de Xanxerê para o de Lages, também em Santa Catarina, por razões de segurança.

Inicialmente considerada uma ocorrência comum, a prisão de Vallejos já repercute também entre os organismos de defesa dos Direitos Humanos no Brasil. Rose Nogueira, do grupo Tortura Nunca Mais, defendeu a sua ida para a Comissão da Verdade.

“Essa confissão, de 26 anos atrás, agora pode ter toda a atualidade do mundo e pode ser tratada na Comissão da Verdade que a presidenta Dilma (Rousseff) criou. Temos na prisão o repressor que conhece e também parece que participou na desaparição de um cidadão brasileiro em Buenos Aires”, afirmou.

Fonte: Carta Maior