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Ziuganov, veterano das presidenciais russas

O líder do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), Guennadi Ziuganov, se apresenta pela quarta vez na disputa pela presidência do país, em meio ao auge de ações da oposição fora do Parlamento.

Diferentemente de outras ocasiões, quando o adversário tradicional (os partidos no Legislativo) manteve o controle do sentimento de protesto nas ruas, nesta oportunidade a situação é de uma oposição mais radical e nada inocente em suas ações.

O próprio Ziuganov, que dirige o maior partido da oposição, com 92 das 450 cadeiras da Duma (Câmara baixa), atacou a realização de manifestações de massas por pessoas que no passado estavam com o governo.

Dessa forma, o dirigente de esquerda mais conhecido da Rússia se referia a personagens como Bóris Nemtsov, que em dado momento participou do governo do falecido presidente Bóris Ieltsin, que foi responsável pela crise de default de 1998 na Rússia.

Outro dos organizadores de manifestações criticados por Ziuganov foi Mikhail Kazianov, chefe de governo no primeiro mandato de Vladimir Putin, que agora se apresenta como candidato para optar pela terceira vez pela chefia do Krêmlin.

O certo é que a figura de Ziuganov continua como a mais forte da oposição parlamentar (11 e 16 por cento de intenções de voto para este domingo), segundo várias pesquisas.

O líder comunista esteve próximo de chegar à Presidência em 1996, quando participou em um segundo turno eleitoral contra Ieltsin, em um processo que muitos consideram marcado por fraudes.

Analistas consideram que Ziuganov realiza uma oposição mais moderada com um programa eleitoral muito concreto e a proposta de uma nacionalização das principais esferas estratégicas do país como coluna vertebral de seu futuro governo.

Trata-se neste caso de uma campanha tradicional, com visitas a dezenas de fábricas e centros científicos, assim como institutos do país, em concordância com uma de suas principais palavras de ordem: desenvolver a economia real e a aplicação de avanços técnico-científicos.

Para Ziuganov, será necessário restaurar o controle do Estado nas esferas de petróleo, energia elétrica, vias de comunicação e o complexo militar-industrial, em que ocorreram privatizações de forma ilegal na década de 1990.

Ademais, o dirigente do PCFR se pronuncia em favor de limitar as exportações de recursos não renováveis, como o petróleo, o gás ou os diamantes e de incrementar o processamento destes no próprio país, para exportar produtos com valor agregado.

Ele também engloba nessa esfera os recursos florestais e biológicos da Rússia, o que incluiria o processamento da madeira e o desenvolvimento da indústria de produtos pesqueiros.

Igualmente, Ziuganov estima que o chamado Fundo de Estabilização, cuja existência o governo de Putin situou como condição fundamental para aplacar a crise financeira de 2008, deve retornar ao país, pois a maioria desses ativos estão fora da Rússia.

O fundo representa, segundo o candidato presidencial comunista, quase 60 por cento das receitas do Estado.

O mesmo é válido para as reservas federais de mais de 500 bilhões de dólares em dinheiro e ouro que o dirigente comunista assegura aumentam os lucros dos bancos e reservas federais em outras latitudes, mas que Ziuganov deseja investir no desenvolvimento do país e melhorias sociais.

Ao mesmo tempo, o programa eleitoral do dirigente do PCFR propõe a eliminação de leis que a seu juízo põem em perigo a segurança nacional como a do seguro obrigatório no transporte ou os Códigos da Terra ou da Água.

Por outro lado, quase com a exceção do magnata Mikhail Projorov, todos os candidatos apresentam iniciativas de ajuda à família e para melhorar o clima demográfico no país.

Assim, Ziuganov propõe que o Estado se encarregue de amortizar 25 por cento do crédito para a compra de um apartamento de uma família ao nascer o primeiro bebê, 50 ao nascer o segundo e totalmente, em caso de um terceiro filho.

O líder comunista propõe em dois anos acabar com o fenômeno das crianças órfãs, problema de fundo na Rússia, sobretudo porque muitos dos pequenos em orfanatos têm pai e mãe carentes de recursos viciados em álcool ou drogas.

A plataforma eleitoral de Ziuganov propõe liberar do pagamento de impostos famílias com renda menores a 10 mil rublos (uns 343 dólares), quando quase 55 milhões de funcionários públicos recebem salários próximos a cinco mil rublos (uns 170 dólares).

Assim como a maioria dos candidatos, o dirigente do PCFR propõe medidas para combater a corrupção como o confisco total de propriedades do implicado.

Em caso de segundo turno eleitoral, se Putin ficar abaixo de 50 por cento nas urnas, Ziuganov será, segundo as pesquisas, o seu adversário.

Prensa Latina