PIB brasileiro crescerá entre 4% e 4,5% em 2012, estima Mantega
Apesar de o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), que é a soma de todos os bens e serviços produzidos no país, ter sido menor do que o esperado pelo governo, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, manteve o tom otimista e já prevê, para 2012, um crescimento médio próximo a 4,5%.
Publicado 06/03/2012 15:55
"O importante é que começamos 2012 com a economia se aquecendo. Isso pode ser visto pelo desempenho de novembro e dezembro. Essa trajetória continuará no primeiro e no segundo semestre de 2012, e será maior do que o do ano passado, atingindo o ápice no segundo semestre de 2012, quando a economia estará crescendo mais de 5%. A média deverá ficar entre 4% e 4,5%", disse, durante coletiva de imprensa.
Para o ministro, 2011 foi um ano positivo para a economia brasileira, principalmente porque a geração de emprego se manteve em um bom patamar.
"Podemos concluir que foi um bom ano, embora o PIB não tinha apresentado um crescimento do tamanho que esperávamos. Apesar de 2,7% de crescimento não ter sido tão alto, o desempenho da economia foi satisfatório porque geramos mais de 2 milhões de empregos", avaliou.
Mantega destacou que os números só não foram melhores porque o governo foi surpreendido pela dimensão da crise econômica internacional.
"Não contávamos com o agravamento da crise no segundo semestre. Se ela não tivesse acontecido, nosso crescimento seria mais próximo dos 4% do que dos 3%". Apesar disso, avalia o ministro, o país colheu bons resultados em relação à inflação. "Ela foi reduzida, e esse era um dos objetivos da equipe econômica", disse.
Segundo Mantega, as condições para o crescimento de 2012 "são positivas e estão dadas". Para isso, o governo estuda uma série de medidas de incentivo à indústria e para a desvalorização do real.
– Haverá uma ação mais forte do governo para que esse crescimento se realize, por meio de uma série de estímulos monetários e de redução de juros. O governo preparou um grande programa de investimentos que aumentará ainda mais ao longo do ano – antecipou.
O PIB cresceu 2,7% em 2011, na comparação com o ano anterior, totalizando R$ 4,143 trilhões. Em 2010, o PIB brasileiro havia crescido 7,5%. Em termos proporcionais, o PIB brasileiro apresentou crescimento menor do que a média mundial, que ficou em 3,8%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI).
Sob a ótica da produção, a agropecuária cresceu 3,9%; a indústria, 1,6%; e os serviços, 2,7%. Sob a ótica da demanda, foram registrados crescimentos no consumo das famílias (4,1%), no consumo do governo (1,9%) e na formação bruta de capital fixo, isto é, nos investimentos (4,7%).
Em termos per capita, o PIB teve uma expansão de 1,8% em 2011. Com isso, o PIB per capita alcançou R$ 21.252, em valores correntes. Em 2010, o PIB per capita havia crescido 6,5%.
Exportação impulsiona
O desempenho da agropecuária brasileira, que cresceu 3,9% e foi o principal impulsionador da economia do país em 2011, foi puxado pelo aumento de produtividade e pela elevação das exportações de alimentos, principalmente para a China. A avaliação é do vice-presidente da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Joel Naegele.
Para ele, os dados confirmam que o setor está em expansão e não foi afetado pela crise européia, como ocorreu com a indústria.
– A maior necessidade do mundo por alimentos, principalmente no caso da China, que continua comprando, impulsiona o setor porque poucos países do mundo têm a capacidade de produção de alimentos como o Brasil. Com a indústria aconteceu o inverso. Com a supervalorização do real, as exportações diminuíram muito. As pessoas não deixam de comer, mas podem deixar de comprar uma roupa, um brinquedo, ou protelam essa compra – explicou.
Ele também citou os avanços tecnológicos, graças principalmente a estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que permitem aumentar a produtividade no campo.
– Cada vez o produtor precisa de menos terra para produzir graças aos avanços tecnológicos, à descoberta de sementes, por exemplo. O Brasil está aumentando a produção sem precisar aumentar a área – acrescentou.
Na avaliação de Naegele, o setor vai continuar impulsionando o PIB brasileiro nos próximos anos.
De acordo com dados divulgados hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o resultado da agropecuária foi influenciado pelo aumento da produção de algodão, fumo, arroz, soja e mandioca, apesar das quedas nos plantios de cana-de-açúcar, café e trigo. Os outros setores que compõem o PIB sob a ótica da produção tiveram aumento de 1,6% no caso da indústria, e de 2,7% no dos serviços.
Força Sindical fala em PIB pífio
Em nota, a Força Sindical diz que "o pífio crescimento do PIB de 2,7% em 2011 é resultado da equivocada política econômica do governo".
Segundo a entidade, "esse "pibinho", aquém das expectativas, é decepcionante para toda a sociedade brasileira. Como podemos alavancar a economia sendo campeões mundiais em taxa de juros e praticando uma nefasta política de incentivo às importações e à desindustrialização?"
E, de acordo com o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical, "o governo precisa, em sintonia e diálogo com os trabalhadores e com todo o setor produtivo, aprofundar a política de fomento à economia, visando, com ações proativas, um desenvolvimento sustentável. Os trabalhadores anseiam que o governo estimule o crescimento da economia. O crescimento deve ser compartilhado com todos por meio de medidas que promovam a distribuição de renda e a diminuição das desigualdades sociais existentes no país.
Já o professor da Escola de Economia da Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), Samy Dana, "o Brasil tem potencial para crescer mais".
Dana diz ainda que os motivos que acarretam nesse crescimento tímido são o "câmbio, o real valorizado atrapalham as exportações; crédito, há uma maior oferta de crédito, entretanto, as pessoas não estão preparadas para utilizá-lo, não há um consumo consciente; além disso, não usamos a nossa capacidade produtiva e falta investimento em infra-estrutura".
Com informações da Agência Brasil