Sem categoria

Polícia britânica colabora com “lista suja” de trabalhadores

O jornal The Guardian denunciou na sua edição desta terça-feira (6) o provável envolvimento da polícia britânica na elaboração de uma “lista suja” de trabalhadores a pedido de uma associação de empresários da área de construção.

Os arquivos descobertos estavam ativos pelo menos entre 2002 e 2009 e contêm dados de mais de três mil pessoas consideradas “de esquerda” ou problemáticas.

Segundo o diário britânico, as organizações de segurança do Reino Unido facilitaram o acesso a informações particulares de milhares de pessoas por meio desta tal lista negra. Em função deste documento, cerca de três mil e duzentos trabalhadores não estão conseguindo se recolocar no mercado de trabalho há anos, em alguns casos, há profissionais desempregados já há uma década.

A comissão de trabalho, nomeada pelo governo para investigar o caso, chegou à conclusão de que os arquivos – entre os quais há um com 36 páginas dedicadas ao perfil de um único líder sindical – são tão completos e detalhados que parte deles só pode ter como procedência os arquivos policiais ou os serviços de inteligência de sua majestade, o MI5.

Apesar da base de dados ter sido desativada já há três anos, só agora foi criada uma associação que reúne os trabalhadores excluídos. Ela já agrupa mais de três mil pessoas e pretende processar a Consulting Association, um coletivo que representa as maiores empresas da indústria civil no Reino Unido, presumivelmente, foi ela que encomendou e pagou pelo levantamento das informações.

David Clancy, o chefe das investigações, declarou em juízo há poucos dias, que “a informação contida nos arquivos é tão minuciosa e apresenta detalhes tão específicos que não podem ter saído de outra fonte que não seja policial”, e acrescentou que há dados de algumas pessoas relativos a até três décadas.

Ainda segundo Clancy, a origem das informações pode remontar aos anos em que o estado britânico contatou as maiores empresas de construção do país com a finalidade de assumir controle sobre os trabalhadores irlandeses contratados no período em que os ataques do IRA em território britânico  (Exército Republicano Irlandês) eram mais intensos.

A existência de uma “lista suja” foi denunciada pela primeira vez em 2009, quando uma investigação no centro do país localizou o registro de um escritório, contendo acervo documental sobre profissionais da área civil que detalhavam a relação dessas pessoas com sindicatos e sua conduta no trabalho.

Apesar de multada em cinco mil libras, na época, a Consulting Association escapou de uma punição maior quando foi processada porque alegou não ter controle sobre as agências que contrataram os terceiros para as obras.

Fonte: Alternative Web