Luciana Santos elogia decisão do MP de processar torturador

O Ministério Público Federal decidiu apresentar à Justiça Federal de Marabá, no Pará, denúncia contra o coronel de reserva Sebastião Curió Rodrigues de Moura, conhecido como Major Curió, que atuou como parte das forças repressoras à Guerrilha do Araguaia. A decisão recebeu elogios da líder do PCdoB na Câmara, deputada Luciana Santos.

Em discurso no plenário da Câmara, na noite desta quarta-feira (14), ela disse que “se trata de medida paradigmática, pois caso a denúncia seja acatada pela Justiça, será convertida na primeira ação penal por crimes cometidos durante a Guerrilha do Araguaia”.

E destacou que “isso se dá em um momento em que o Brasil decide instalar a Comissão da Verdade, que vai apurar os crimes cometidos contra a nação na época da ditadura militar”.

Para ela, “todos nós temos a expectativa de que a verdade venha à tona e possamos apurar e abrir os arquivos, numa perspectiva de fazer valer a elucidação de fatos, não só para os parentes das vítimas da ditadura, mas para o bem da democracia brasileira, para termos todos esses fatos apurados e criminalizados”.

Sem benefícios

A líder comunista concorda com o entendimento do Ministério Público de que Curió não poderia ser beneficiado pela Lei da Anistia, pois essa se refere somente a crimes cometidos em 1961 e 1979. “Tampouco seus crimes estariam prescritos”, enfatiza.

Luciana explicou que como não se sabe o paradeiro dos militantes, o crime de sequestro continua correndo, de forma a não prescrever e fugir da cobertura da Lei de Anistia. “Por isso, Curió é denunciado após cuidadoso processo de investigação que se iniciou em 2009, podendo pegar de dois a 40 anos por crimes que se iniciaram em 1974 e nunca tiveram um final”, afirmou.

O militar é acusado de ter praticado crime de sequestro qualificado contra cinco militantes do PCdoB que atuaram durante a Guerrilha do Araguaia. Luciana Santos fez questão de citar um a um o nome dos companheiros de Partido: Maria Célia Corrêa (Rosinha); Hélio Luiz Navarro Magalhães (Edinho); Daniel Ribeiro Calado (Doca); Antonio de Pádua Costa (Piauí) e Telma Regina Cordeiro Corrêa (Lia).

De Brasília
Márcia Xavier