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Brasília recebe exposição que mostra arbitrariedades da ditadura

A mostra Arpilleras da Resistência Política Chilena será aberta nesta quinta-feira (22) Biblioteca Nacional de Brasília. A exposição, que segue até o dia 29, mostra o trabalho de uma técnica têxtil elaborada em pano rústico. A autoria dos trabalhos é de mulheres e esposas das vítimas da ditadura militar no Chile e denuncia as arbitrariedades cometidas pelo regime que durou de 1973 a 1990.

Brasília recebe exposição que mostra arbitrariedades da ditadura

Durante a ditadura militar chilena, muitas denúncias sobre os problemas políticos e sociais enfrentados no país eram feitas por mulheres por meio de arpilleras. Trata-se de uma técnica têxtil elaborada em pano rústico ─ geralmente cânhamo ou linho grosso, proveniente de sacos de farinha ou batatas ─, com linhas, vários objetos e retalhos de tecidos.

A exposição irá passar por cinco cidades – Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Belo Horizonte (MG) e Rio de Janeiro (RJ), a partir de março, sempre com entrada gratuita. Isso graças ao patrocínio da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, obtido por meio do edital “Marcas da Memória”.

A primeira destas exposições acontece em Brasília a partir desta quinta-feira. A abertura oficial será na sexta-feira (23), às 18 horas. Entre as autoridades que já confirmaram presença estão o Presidente da Comissão de Anistia, Paulo Abrão; o Secretário de Cultura do Distrito Federal, Hamilton Pereira; e a Secretária de Estado da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia Ferreira, além de representantes da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República.

Depois, a mostra segue para Porto Alegre (RS), de 10 a 17 de abril, no Memorial do Rio Grande do Sul. De 7 a 14 de maio, será a vez dos curitibanos conhecerem as arpilleras, no Memorial de Curitiba (PR). Em Belo Horizonte (MG), no Centro Cultural UFMG, a exposição será realizada de 18 a 24 de maio. E o encerramento será na cidade do Rio de Janeiro, de 29 de maio a 5 de junho, no Arquivo Nacional.

Artesanato popular

Clara Politi, produtora da exposição, conta que as Arpilleras desta coleção nasceram das mãos de mulheres que estiveram presas ou cujos maridos ou filhos tinham sido presos, torturados ou assassinados durante a ditadura. Ela diz que durante a exposição também haverá oficinas gratuitas para ensinar aos participantes a técnica de confecção das arpilleras.

Inicialmente uma obra de artesanato popular, estas peças acabaram tendo não só valor artístico como serviram para ajudar financeiramente estas mulheres que se uniam em grupos de trabalho, comunidades artesãs ou entidades da sociedade civil.

“Desta maneira, além de tentar denunciar dentro do próprio país e também para os estrangeiros as situações de falta de liberdade e privações pelas quais estavam passando, essas mulheres conseguiam reforçar o sustento da família com o que elas confeccionavam”, explica a produtora.

As arpilleras que serão exibidas aqui no país pertencem à pesquisadora chilena Roberta Bacic, curadora da exposição. Nascida em 1949, ela já montou mais de trinta exposições de arpilleras pelo mundo, em países como Japão, Estados Unidos e França. A primeira delas foi realizada em 2008, na Irlanda do Norte, onde a curadora reside desde 2004.

De Brasília
Com agências